14/07/2014

FINAL - ALEMANHA 1-0 ARGENTINA: CHAVE DE OURO DE GOTZE PÕE TAÇA DO MUNDO NO COFRE ALEMÃO!


Que melhor maneira de fechar o melhor Campeonato do Mundo dos últimos 30 anos com um jogo pleno de emoção, mas onde ficou patente quem era melhor, quem era mais equipa, quem mais queria ganhar, do primeiro ao último minuto. E no fim, justiça seja feita, essa equipa ganhou: a Alemanha.
 

Dois estilos distintos na forma de abordar o jogo e procurar o êxito deram-nos 120 minutos de futebol intenso, não muito espectacular, mas que fez qualquer amante do jogo ficar pregado à televisão. E no Mundial dos golos bonitos e dos grandes guarda-redes só podíamos desejar que a Final tivesse tudo isso... e teve.
 

Manuel Neuer foi efectivamente o GRANDE guarda-redes deste Mundial, apostando na sobriedade e na análise prévia e pormenorizada aos lances contra a espectacularidade de outros. A confiança que um guardião destes dá aos seus colegas da defesa permite que toda a equipa trabalhe de forma mais confiante o processo ofensivo, pois sabe que se algo correr mal na transição defensiva está lá Neuer. E se analisarmos bem, os falhanços de Higuain e Palacio são claros exemplos de intimidação prévia.

Sabella montou a equipa como sempre montou, num estilo de "segura atrás e fé em Messi", visto que nem Di Maria estava disponível e Enzo não é de todo um desequilibrador pelo flanco. E se a Argentina teve a capacidade para importunar a Alemanha nos pequenos periodos iniciais de cada parte dos 90 minutos, a realidade é que a Alemanha usou a sua capacidade de passe para ir moendo os Argentinos e a oito minutos do fim dar a estocada final, com um golaço de Gotze, após 112 minutos em que foi claramente superior a Messi e seus companheiros.

Se é verdade que acho que esta Argentina pode jogar mais e menos cinicamente que aquilo que demonstrou neste Mundial, também acho que provavelmente a alviceleste era a selecção com menos qualidade geral das quatro que chegaram às meias-finais. O processo de Sabella deu-lhes o vice-campeonato, que é para todos os efeitos meritório, mas fica a ideia que uma selecção tão retraída poderá ter inclusivamente prejudicado Lionel Messi, que não foi nem de perto o melhor jogador do Mundial.


Esse prémio, para mim, deveria ter sido entregue a Arjen Robben, que foi o jogador mais decisivo em permanência de todos os que estiveram no Brasil. É pena que o Génio de Vidro, que apresentou uma invulgar resistência, não tenha a mesma máquina de marketing de outros e não seja visto pelas entidades competentes como o fantástico jogador que é!

E para terminar, resta-me dizer que este mês que passou já me deixa muitas saudades...


10/07/2014

MEIA FINAL - HOLANDA 0-0 ARGENTINA - ZZZZZzzzzzz... ZZZZZZzzzzz... HUM?!?! HEIN?!?! JÁ ACABOU?! ÓPTIMO!


Provavelmetne, nunca uma crónica de uma meia final terá sido tão fácil de escrever. Mas o pior de tudo é que nem há muito a dizer, pois estamos perante duas selecções que renegaram todo o seu passado de brilhantismo futebolístico para optar por uma fórmula que nem sequer se pode considerar de resultadista sem ofender Giovanni Trapattoni!

A Holanda foi fulgurante com a Espanha e se colocou-se desde a primeira jornada sob os olhos gulosos de quem gosta de futebol, pois apesar de colocar os seus jogadores em campo numa prespectiva de marcha atrás, a verdade é que permitiu a libertação da magia de Wesley Snijder, Arjen Robben e Robin Van Persie. O problema é que ao segundo jogo já percebíamos que afinal o 5-1 aos campeões mundiais mais não foi que aproveitar o desmoronar físico de Xavi, Iniesta e companhia, com exibições ganhadoras mas pouco cativantes e demasiado amarradas nos restantes jogos. Isso foi principalmente notório nos jogos a eliminar, em que derrotaram o México com um penalti que divide opiniões nos minutos finais e derrotaram a Costa Rica nos penaltis, mais com jogo mental que com jogo jogado.


A Argentina não foi muito melhor. A diferença para a Holanda é que venceu todos os jogos até esta meia-final, mas sempre pela margem mínima, sempre com exibições fracas, sempre com dificuldade... mas venceu. Ficou a sensação de que cumpriu os requisitos mínimos, mas que também não tinha capacidade para ir mais além se necessitasse. A realidade é que Messi desbloqueou um empate já de si generoso com o frágil Irão, derrotou a Suíça quando já "cheirava" a penaltis e acabou por fechar-se no seu meio-campo contra a Bélgica após um golo aos 7 minutos.

Por isso, hoje defrontaram-se duas equipas cujo principal objectivo era não perder. E foi isto, durante 120 minutos, com alguns lances de frissom (mal seria), duas oportunidades claras para a Argentina e uma para a Holanda, com Messi fora do jogo, Van Persie a fazer-lhe companhia onde quer que estivessem e Robben a ser o único que realmente vestiu o equipamento e tentou qualquer coisa. O sumo que se extrai deste jogo, demasiado fechado, demasiado equilibrado defensivamente, demasiado temerário e espectante pelo erro do adversário, é tão curto que no fim o copo está tão vazio que o melhor que se pode dizer é que passou a equipa que melhor marcou as grandes penalidades.

09/07/2014

MEIA FINAL - BRASIL 1-7 ALEMANHA - "MARACANAZO" É FICHINHA FACE À "HUMILHAÇÃO DO MINEIRÃO"


Por vicissitudes da vida pessoal, é curioso que poucos foram os jogos que vi na totalidade em directo deste Mundial, sendo essa a razão para só nas meias finais voltar às crónicas dos jogos. E se um Brasil vs Alemanha não fosse motivo mais que suficiente para voltar às lides da escrita, este jogo histórico obrigar-me-ia a tal, mesmo se não tivesse assistido ao jogo.

À pergunta que muitos me fizeram hoje sobre o palpite para o vencedor do jogo, a resposta foi sempre a mesma: "é um-dó-li-tá". E por isso é que o futebol é um jogo tão fantástico.

O Brasil apresentou-se cinzento neste Mundial, muito pouco "mandão", com magia nos ombros de Neymar e, quiçá, com o planeta inteiro sobre os jogadores com a quase exigência do "Hexa", que ultrapassaram nos 1/8 de final o grande Chile no desempate dos "penaltis" depois de terem estado à beira da eliminação. Curiosamente, num misto de competência de Scolari e desacerto na preparação de Pekerman, o Brasil tomou conta do jogo com a Colômbia, ganhou bem e parecia claramente que o caminho das boas exibições tinha sido encontrado, mesmo que tenha perdido Neymar de forma tão inesperada quanto revoltante. Ainda por cima, apesar do lado negativo da pressão do "Hexa", o factor casa é sempre muito importante, ainda mais na fase a eliminar.

A Alemanha, por seu lado, tinha sido até aqui a equipa mais consistente em campo nos cinco jogos realizados. Mesmo sem deslumbrar na primeira fase, os alemães sempre resolveram os seus problemas no seio da equipa e nunca através da inspiração de um jogador. Com o Gana, aproveitaram-se da ingenuidade dos africanos para empatar um jogo que se complicou e para empatar (e estiveram perto da vitória) e nos 1/8 defrontaram uma surpreendente Argélia, naquele que foi, para mim, o melhor jogo deste Mundial. Em suma, quando foi necessário arregaçar as mangas e sujar as mãos, a Alemanha fê-lo de forma magistral. Não admirou por isso o domínio quase em estilo de passeio frente à França, que demonstrou que Pogba e um Benzema inspirado chegam para passar equipas de segunda linha mas não dão sequer para colocar em sobressalto uma equipa de topo. Tenho sérias dúvidas que a França ultrapassasse a Argélia, por exemplo...

Era neste cenário que o jogo se inicia. Ao contrário do que eu contava, Scolari apostou em Bernard para substituir Neymar. Eu pensava em Willian, que tinha-se apresentado bem sempre que saiu do banco, mas havia quem apostasse num "triângulo de trabalho" no meio, com Paulinho, Fernandinho e Luis Gustavo, para parar a Alemanha. E tudo se decide ainda antes do apito inicial: o resultado final foi de 7-1, mas Joachim Low venceu Scolari por 15-0 na preparação do jogo. E isso reflecte-se no resultado final.

O Brasil tinha como plano de jogo apostar na velocidade de Hulk e Óscar com lançamentos para as costas dos laterais alemães. E pronto. Resultou durante cinco minutos, a Alemanha estabelizou linhas, corrigiu posições, e do Brasil depois... puff. A história do jogo tem algumas semelhanças com o jogo Alemanha-Portugal: ambas as equipas adversárias se "estrassalharam" todas com o primeiro golo alemão aos dez minutos e ambos os jogos acabaram à meia-hora, sensivelmente. As diferenças é que Portugal ainda se recompôs e demonstrou capacidade para discutir o jogo até à expulsão de Pepe e que quando o jogo acabou, Portugal perdia por 2-0 com 10 jogadores em campo e o Brasil perdia por 5-0 com 11, sem penaltis, sem lances de mínima dúvida, nada.

O 1-0 é o exemplo perfeito de onde Low bateu Scolari: na sala de palestra. Kroos arrasta Dante para junto de David Luiz, que está a marcar Muller. Quando o Muller arranca, o brasileiro do Chelsea está preso por Kroos e Dante, e Muller finaliza sozinho, no meio da área, porque todos os brasileiros fora, tal como Dante, atrás de alguém e abriram a área para o jogador do Bayern. Puro lance de laboratório, onde fica evidente que Low viu como o Brasil defendia nos cantos e que Scolari não sabia como a Alemanha atacava... nem como o Brasil defende, o que é mais grave ainda.



Depois disto, entrou a parte mental do jogo, com Fernandinho a falhar duas intercepções e a perder uma bola, Marcelo a não manter a linha recuada, David Luiz a ir à "queima" constantemente e em quatro minutos o Brasil vê o placard aumentar de 1-0 para 5-0, resultado aos 29 minutos. Fim de jogo, o resto são extras num filme recheado de tortura para os brasileiros, com o descontrolo de Scolari a atingir o ponto mais alto quando substitui Fred, assobiado, vaiado e insultado, apenas e só para dar uma pequena satisfação à torcida.  Um jogo histórico por todas e mais algumas razões:

- Nunca uma equipa tinha sofrido 5 golos em tão pouco tempo de jogo;
- Nunca uma equipa anfitriã tinha sido tão copiosamente goleada;
- Nunca uma meia-final tinha sido tão desequilibrada;
- Nunca se tinham marcado tantos golos numa meia-final;
- Nunca o Brasil tinha sofrido tantos golos num Mundial;
- Miroslav Klose é agora o melhor marcador em Mundiais, ultrapassando Ronaldo "Fenómeno";

A Alemanha retira todas as dúvidas sobre as suas qualidades e capacidades. Cilindra o Brasil de forma convincente, apresenta um jogo objectivo, rápido, de posse mas em progressão e em busca da baliza adversária, com Thomas Muller a ombrear neste momento com Arjen Robben pelo título de Melhor Jogador do Mundial e com uma grande injecção de confiança para a Final. Quem vier que se cuide.

É um escândalo imenso para o futebol brasileiro, não o facto de ser eliminado do Mundial caseiro nas meias-finais, mas sim da maneira como foi. Muitos ainda nem perceberam que raio se passou, mas quando saírem do coma deste atropelamento e fuga para a final da "Die Lokomotive" perceberão o que os jornais começam a dizer: esqueçam o "Maracanazo", isso é um conto de fadas comparado com a "Humilhação do Mineirão".

Mais um capítulo daquele que considero, sem sombra de dúvida, o melhor Campeonato do Mundo de Futebol que eu assisti até hoje... Só tenho pena que já só faltem três jogos para acabar.

19/06/2014

GRUPO B - ESPANHA 0-2 CHILE - O FIM DO REINADO!


Não deixa de ser irónico que no dia em que Juan Carlos I abdica oficialmente do trono espanhol em deterimento do seu filho Filipe VI a selecção espanhola, campeã em título, esteja por decreto oficial fora do Campeonato do Mundo 2014 a partir do próximo dia 23 de Junho. Se é um escândalo mediático o afastamento dos espanhóis, quem viu os jogos aceita esta situação quase com uma normalidade mórbida face à triste realidade: esta Espanha tem os mesmos jogadores mas a qualidade do seu futebol nada tem a ver com o que foi praticado nos últimos seis anos. Mas não se tratou só de demérito espanhol, longe disso.

Quem me ouviu falar antes do Mundial começar sabe que sempre disse que o Chile era um candidato a dificultar a vida às duas favoritas Espanha e Holanda. E hoje os chilenos não só "arrumaram" a Espanha como puseram Scolari a pensar que se calhar vai ter umas noites complicadas para dormir de hoje em diante, não só porque o Brasil joga pouco como ainda por cima irá apanhar a super-motivada Holanda ou este irreverente Chile!

Os chilenos apostaram hoje no seu mais normal esquema com três centrais com pouca evergadura física que chegaram e sobraram para uma Espanha que há muito perdeu objectividade atacante. Isso permite ao Chile povoar o meio campo com Isla à direita, o centro com Marcelo Diaz, Charles Aranguiz e Arturo Vidal, Mena sobre a esquerda e na frente o dinâmico Alexi Sanchez e Eduardo Vargas, ambos bem conhecidos do campeonato espanhol. Quanto à Espanha, apenas tirou Xavi e Piqué relativamente ao jogo com a Holanda.

O tiki-taka é mortífero quando se executa em ritmo alto o "passe e corte" e isso não é uma característica desta Espanha. Além disso, a pressão que as equipas holandesa e chilena, com meio campo bem povoado, exerceram sobre os jogadores espanhóis que estão sobre as alas permitiu-lhes roubar a bola ao adversário com muito mais facilidade do que tinha sido habitual desde 2006. Depois, bastou rodar rapidamente o jogo e lançar ataques com jogadores rapidíssimos, como Robben, Van Persie, Sanchez e Vargas para destroçar uma defesa espanhola que raramente teve o apoio dos seus trincos, constantemente batidos nas recuperações defensivas. O primeiro golo do Chile é tirado a papel químico aos golos de contra-ataque obtidos pela Holanda, muito graças ao virtuosismo que o Chile tem no seu meio campo e linha avançada.
 

Depois, para "ajudar" ainda mais a Espanha, entrou em acção mais uma vez a Maldição do José (Mourinho, óbvio). Em momentos críticos, Casillas falhou. Falhou na final da Liga dos Campeões, falhou no jogo com a Holanda e hoje, num momento crítico, voltou a falhar. A forma como aborda o remate de Alexi Sanchez com uma defesa para a frente da baliza foi demonstrativa da falta de confiança que o capitão espanhol tem nesta altura e propicía a recarga vitoriosa a Aranguíz, mesmo pressionado por dois defesas espanhóis.

Del Bosque está neste momento no mesmo plano que este grupo de jogadores: depois de tantos títulos e alegrias, o seu fim na selecção espanhola está perto. De certo que a crítica irá cair sobre ele, pelas opções da convocatória que tomou, que levaram inclusivamente Bruno Prata a dizer que a dada altura era a ideal para entrar Negredo... que não estava nos 23. Mas principalmente irá cair sobre ele todas as críticas pelas opções que tomou no banco de suplentes com estes 23 e a perder por 2-0 no jogo em que nem o empate era opção. A entrada de Koke teria lógica se a saída tivesse sido a de Busquets, jogador muito menos capacitado para a circulação de bola do que Xabi Alonso, que ainda por cima aparenta ser muito mais forte emocionalmente. Depois, trocar Diego Costa por Torres e ter como última opção Santi Cazorla, pedindo no final que os centrais subissem e assumissem a posição de avançados... não sei... parece-me uma coisa demasiado "queirosiana", demasiado teórica para a simplicidade do futebol.

Chile e Holanda têm agora pela frente um desafio para ver quem evita o inferno de defrontar o Brasil. Quanto à Espanha, resta-lhe o jogo de honra contra uma muito honrada Austrália, que não irá desperdiçar a hipótese de sair de cabeça bem levantada deste Mundial em que demonstrou orgulho, espírito de equipa e coração suficiente para nos fazer pensar que o pesadelo dos Campeões do Mundo pode ainda não ter terminado.

Nota final: nos últimos quatro Campeonatos do Mundo, três campeões foram afastados na Fase de Grupos (França 2002, Itália 2010 e agora Espanha 2014). A única excepção é o Brasil em 2006. No entanto, França e Itália foram eliminados apenas após os resultados da terceira jornada. Esta é a pior prestação de sempre de um Campeão do Mundo na história dos Mundiais.

17/06/2014

GRUPO G - ALEMANHA 4-0 PORTUGAL - QUANDO TUDO CORRE MAL, ALGUÉM FAZ CORRER AINDA PIOR


Foi um autêntico "panzer" psicológico o que se abateu sobre a Selecção Portuguesa hoje em Salvador da Bahía. Todos os cenários catastróficos que se podiam imaginar surgiram a dobrar e Portugal viu-se num autêntico cenário dantesco para o qual já deve ter percebido que a principal culpada é a própria equipa. Num jogo para recordar sob todas as perspectivas negativas para que se perceba que tudo o que se passou não pode acontecer no futuro, a Selecção Nacional inicia o Mundial com um resultado lisonjeiro para o que poderia ter sido e mesmo assim com a pior derrota em mais de 30 anos.

O jogo tem obrigatoriamente de ser dividido em duas partes. A primeira quando ainda estavam 11 portugueses em campo e a segunda em que só estavam 10. 

Os primeiros 10 minutos foram equilibrados e até foi a selecção a criar os primeiros dois lances de perigo. Depois, aos 12, entra mais uma vez em acção a arbitragem do Mundial 2014, que tem sido muito criticável, para ser meigo. Facto: João Pereira puxa e empurra Goetz. Facto: Goetz puxa e empurra João Pereira primeiro. Ambos discutem a posse de bola e posição com braços, logo o lance nunca pode ser decidido como falta do português.

O 1-0 caíu como uma bomba em cima da equipa portuguesa, que se destabilizou de forma incompreensível. Uma selecção com esta experiência não pode ficar assim só porque um penalti contra sí foi mal assinalado. Entretanto, a lesão de Hugo Almeida, que pouco trabalho deu à defesa alemã, proporcionou a entrada do melhor elemento português em campo hoje: Ederzito, o jogador do Sp. Braga que provavelmente assumirá de vez a titularidade da Selecção.

Já a perder por 2-0, num lance de mérito de Hummels (bela impulsão e timming perfeito de ataque à bola, impulsionado pela corrida que tem de trás), numa altura em que Portugal equilibrava a partida e voltava a criar perigo para a baliza de Manuel Neuer, Pepe torna-se o detonador de uma implosão brutal. Se as derrotas e as vitórias são colectivas, e toda a regra tem excepção, eu coloco inteiramente Pepe num regime excepcional a esta regra: o central é claramente o culpado da ecatombe de Portugal. Nem mesmo "safando-se" de uma primeira "traulitada" perante alguma complacência do árbitro se deixou ficar quieto no seu canto, pelo contrário dirigiu-se a Thomas Muller para dar uma cabeçada. Não vou em desculpas de pequena intensidade, de pouca força, do que seja. O lance é para expulsão clara e Pepe devia ser severamente castigado internamente pelo que fez.


Na segunda parte do jogo, a parte disputada pelos 10 jogadores restantes, não se pode fazer uma apreciação decente. Jogar com 10 elementos a partir dos 35 minutos, a perder por 2-0 e contra a Alemanha, é o cenário que nenhum treinador ou jogador deseja enfrentar. Para "ajudar à festa", a pior "baixa" que podíamos ter aconteceu: Fábio Coentrão lesionou-se com alguma gravidade e estará provavelmente fora do Mundial. Em suma, todos os erros, todas as falhas, todas as bolas perdidas e lances despropositados têm de ter em consideração o cenário atrás descrito associado ao facto de estar a ser constantemente "rabiado" pelos alemães. Só quem não esteve lá dentro em situações semelhantes poderá alegar que havia algo mais a fazer...

E agora?! Agora, está tudo na mesma como estava antes do jogo: em circunstâncias normais, duas vitórias são mais que suficientes para o apuramento para os oitavos de final e esse cenário, nada infernal, mantem-se. É preciso lamber as feridas, corrigir opções, olhar para o próximo jogo como se de uma eliminatória se tratasse e, acima de tudo, não esquecer o que se passou. Estes jogos não são para esquecer, são para lembrar muito bem. Porque no fundo, foi uma derrota grande, mas a guerra nem a meio vai ainda. 

16/06/2014

GRUPO F - ARGENTINA 2-1 BÓSNIA E HERZEGOVINA - TUDO NORMAL... E MESSI.


Se eu disser que este foi o jogo mais aborrecido do Mundial até ao momento, acho que poucos deverão discordar de mim. Confesso que na primeira parte cheguei a "apagar" alí por um minuto... Foi provavelmente a primeira vez que vi duas selecções alterarem o seu sistema em função do adversário, para algo com que se sentiam pouco à-vontade, e em que o adversário, obviamente, também mudou para algo para o qual esse novo sistema não se ajusta particularmente bem. Isso mesmo, quem ler esta frase acima dirá "que confusão" e isto define a primeira parte deste jogo: uma chata confusão.

É que até poderia ter dado para dar golos de toda a maneira e feitio, falhas defensivas das quais nos iríamos rir por pelo menos dois anos, coisas que nos chamassem à atenção... mas não. O cúmulo foi que até o único golo foi na própria baliza... Chato...

A Argentina apresentou-se com um sistema de três centrais, Garay, Fernandez, Campagnaro... e mais Rojo a lateral esquerdo, para todos eles poderem parar o exército bósnio constituido por Edin Dzeko... e mais ninguém. A Bósnia apresentou uma defesa com dois centrais, Spahic e Biçakçic, mas meteu Mujdza só para marcar Messi. Consta que no intervalo tiveram de lhe dizer que aquele não era o seu balneário...

Sabella, obviamente, não gostou da primeira parte e resolveu ao intervalo aquele ferrolho chato. Entraram Gago e Higuain e o equilíbrio da partida "foi-se", como que por magia. A Argentina começou a criar mais situações de perigo, a recuperar a bola sobre o meio campo e a lançar ofensivas com maior critério e até deu para Messi se libertar, abrir espaço entre a defesa e meio-campo adversários, trocar as voltas a dois defesas bósnios que bateram um no outro e disparar sem hipótese junto ao poste de Begovic. Tudo previsivel.
 
 

A Bósnia puxou do seu brio para causar algum trabalho à defesa argentina, conseguindo alguns lances perigosos depois da entrada de Visça e Ibisevic, mas Lulic e Misimovic estiveram completamente fora do jogo, acusando claramente a ansiedade de uma estreia num Mundial, ainda por cima frente à Argentina. O golo de Ibisevic é muito bem conseguido num dos raros lances com cabeça, tronco e membros desenvolvidos pela Bósnia, cujas finalizações foram quase sempre disparatadas.

Do lado Argentino, Di Maria continua em grande forma, preferia ver Rojo ao lado do Garay do que Fernandez que não me encheu propriamente as medidas, não acredito que Maxi Rodriguez e Campagnaro comecem muitos mais jogos a titular, acho que ainda vamos ver Enzo Perez a jogar naquele meio campo, e na frente além de Aguero, Higuain, Messi e o "centro-campista" Di Maria, ainda há um rapazito chamado Lavezzi que hoje não calçou. Vitória por 2-1 sem grandes stresses, seguem-se Irão e Nigéria, liderança provisória do Grupo F. Tudo normal.

GRUPO D - ITÁLIA 2-1 INGLATERRA - JOGO DE MUNDIAL


O dia de sábado teve para mim duas surpresas. A primeira é surpresa pela negativa e tem uma tonalidade de azul tão leve como a qualidade de futebol que praticou. Estou a falar do Uruguai, que é conhecido por ser aguerrido no meio campo e um terror para o adversário no ataque, sendo que o problema foi que esse meio campo cheio de garra e com entrega fácil nos homens da frente não existiu, a defesa baqueou frente a uma Costa Rica que tem um brilhante Joel Campbell e pouco mais, e a ausência de Luis Soarez não justifica tudo! Como só vi parte da segunda parte, este jogo não será alvo de análise, mas será interessante ver o Uruguai na segunda jornada.

A outra surpresa do dia, esta pela positiva, foi a Inglaterra. Não esperava uma selecção tão fresca, honestamente. As entradas no onze de Daniel Sturridge e Raheem Sterling, associados a um mais solto Welbeck dão à selecção inglesa uma rotatividade em termos da condução de bola que não se via há muito tempo. A esses ainda se junta Ross Barkley, um jogador explosivo e que permite à Inglaterra muito mais e melhores opções para procurar o golo, ao contrário do que se viu no EURO-2012. Apesar disto nem tudo são rosas, e os problemas da Inglaterra começam, a meu ver, logo no "timoneiro": Roy Hodgson é uma pessoa simpática, típicamente britânica no sentido de humor, a sua imagem transmite carinho, mas parece-me não ter "mãozinhas" para o carro que tem. Fiquei com essa sensação no EURO-2012 e continuo com a mesma sensação. 

A Inglaterra deixou a Itália em paz e sossego em trocas de bola no seu meio-campo sem qualquer tipo de pressão ou tentativa de recuperação de bola durante longo períodos. Deixou por isso a Itália nas suas "sete quintas" quando estava em vantagem, deixando-me uma ideia de pouca agressividade na tentativa de recuperação de bola. A única razão para este comportamento será o facto de Hodgson não conceber a mínima possibilidade de um desposicionamento defensivo e de ter dado muito jeito a derrota do Uruguai. Mas quando se está a perder por um golo e se tem como adversários ainda o Uruguai pela frente, seria de todo interessante procurar o melhor resultado possível com a Itália, direi eu...

Curiosamente, do outro lado temos a velha Itália, mas aquela Itália com um sabor a 2006. Sim, uma Itália forte a defender, como é hábito, mas que não tem medo de se aventurar no ataque, que não joga no contra-golpe em quase exclusividade, procurando mesmo em vantagem no marcador construir lances de ataque organizado, tirando o melhor partido da qualidade dos seus jogadores. Pirlo tem obviamente a batuta no seu pé direito e marca o ritmo do jogo, com Marchisio e De Rossi no apoio dr meio campo e um lado direito muito dinâmico onde pontificaram Candreva e Darmian, principais fornecedores de Super-Mario Balotelli.


Não é por acaso que este é, até ao momento, o melhor jogo do Mundial. As duas equipas estiveram durante a maior parte dos 90 minutos a atacar a baliza adversária. A Inglaterra entrou muito bem, criou duas grandes oportunidades para a baliza do substituto Sirigu (Buffon está lesionado, o que é pena), mas a Itália adiantou-se praticamente no primeiro remate efectivo à baliza de Joe Hart, num canto muito bem trabalhado e concluído por Marchisio. No minuto seguinte, golo de Sturridge a passe de Wayne Rooney. Balotelli marcou o 2-1 logo aos 50 minutos e enquanto houve pernas (principalmente nos dois miúdos Sterling e Sturridge), a Itália não descansou na defesa e procurou sempre o golo do descanso, que acabou por não surgir. Assim, tivémos jogo até ao fim, mesmo com algumas debilidades inglesas em virtude da muita juventude em campo.

 Este jogo permitiu-me perceber que a Itália está em bom nível e é preciso contar com ela e que a Inglaterra, que eu colocava na primeira visão dos grupos como sendo o Campeão do Mundo a descartar do Grupo D de caras, afinal tem argumentos mais que suficientes para arrumar com o Uruguai que vimos frente à Costa Rica. E os espectadores ficaram muito mais bem servidos do que se estivesse em campo a Itália "catenaccio" e a Inglaterra "polaco-ucraniana".


14/06/2014

GRUPO B - CHILE 3-1 AUSTRÁLIA - O CORAÇÃO NÃO CHEGOU!


O Mundial tem esta particularidade de permitir àqueles que se pensa que são "carne para canhão" fazer uns brilharetes e colocar em cheque o estatuto dos mais fortes. No encerramento da análise anterior não me coibi de afirmar que a Espanha iria agora discutir o apuramento com o Chile. É a verdade, mas poderia não ser em virtude do que a Austrália fez neste jogo.

Tenho para mim que o Chile é uma daquelas equipas "chatas" que apesar de não serem uma potência irão causar grandes problemas às equipas candidatas, Espanha e Holanda. A maioria coloca estas duas no topo da classificação, mas o andar da carruagem poderia estragar-lhes os planos. E neste momento tudo se prepara para a Espanha ter de sacar da calculadora.

Este jogo em particular previa-se que fosse um passeio em ritmo acelerado para os sul-americanos, uma vez que os Socceroos não têm actualmente a mesma qualidade que tinham em 2006, por exemplo, em que metade da selecção jogava na Premier League ou em campeonatos europeus. E confirmou-se que a Austrália tinha muitas dificuldades em jogar com a pressão exercida pelo meio campo chileno, que provocava constantes erros comprometedores e impediam a criação de um projecto de lance de ataque que fosse, mantendo a baliza de Ryan em constante sobressalto. 

Não foi surpresa o facto de o Chile inaugurar o marcador aos 12 minutos pelo "barcelonista" Alexi Sanchez e menos surpresa causou o 2-0 dois minutos depois num belo remate de Valdivia. A Austrália estava encostada às cordas e não parecia haver Isostar nem toalhas a abanar que a fizesse reerguer para o combate. Vidal (apesar de pouco dinâmico), Valdivia e Aranguiz dominavam as operações e a falta de capacidade de transporte da bola por parte da Austrália era evidente.

O problema disto tudo é quando entra na cabeça dos jogadores o célebre "isto 'tá ganho"! O Chile manteve o ritmo até cerca dos 20 minutos e depois progressivamente foi baixando o ritmo, procurando mais as trocas de bola sem o objectivo claro de causar mossa no adversário mas sim mais para descansar e nestas situações é vulgar perder-se o nosso próprio ritmo... e adormecer.



A Austrália joga em processos simples, de passe longo para Tim Cahill que segura e distribui geralmente para Bresciano. É quase uma forma de ganhar terreno como no raguebi, mas sem a bola sair de campo. Depois era procurar a finalização ou um passe para as alas a proporcionar o cruzamento de Franjic (na direita) ou de Davidson (na esquerda) à procura de Cahill na área. É portanto um futebol muito baseado na capacidade física dos jogadores. Apesar de pouco técnico, simples e de ser aparentemente fácil de enfrentar, a vantagem deste tipo de jogo é que com um jogador tecnicamente evoluído e com bom jogo aéreo como Tim Cahill, que apesar dos seus 34 anos tem capacidade física para lutar no meio dos centrais, só é preciso que a bola lhe chegue bem por uma única vez para se fazerem estragos. E assim aconteceu aos 35 minutos.

A Austrália teve então o seu Isostar e o Chile tremeu os joelhos com aquela cabeçada mesmo bem encaixada. A segunda parte então deu-nos um jogo muito interessante entre duas equipas com duas abordagens de futebol completamente diferentes mas ambas em busca do golo, num jogo aberto e muito divertido de se ver. E nos primeiros 20 minutos a Austrália teve várias vezes perto do golo, duas vezes em cruzamentos para cabeceamentos de Cahill e uma vez por Bresciano, naquele que foi para mim o momento do jogo, com um remate de primeira e recarga de seguida, ambos parados por Claudio Bravo que assim assegurou a vantagem do Chile.

O Chile acaba por vencer bem por 3-1, com o último golo já nas compensações, porque foi mais equipa, com melhor capacidade de circulação, mas enquanto a Austrália teve coração o Chile esteve no fio da navalha. A saída de Bresciano, completamente estoirado, marcou o fim da reacção dos Socceroos, pois Troisi não tem a capacidade técnica nem a visão de jogo do veterano de 34 anos que fez carreira em Itália e agora goza a reforma em actividade no Al-Gharafa, e por isso nos últimos 10 minutos o jogo foi todo do Chile, que acredito que irá tirar conclusões sobre os erros que cometeu e irá fazer de tudo para colocar a Espanha em muito maus lençóis para o apuramento.

13/06/2014

GRUPO B - ESPANHA 1-5 HOLANDA - OLÉ NARANJA!


Eu sou suspeito: apesar de reconhecer a força e eficácia do tiki-taka do Barcelona (que é a base do futebol da selecção espanhola), não gosto de assistir e muito menos que este tipo de jogo ganhe jogos. Sou assim, esquisito, diferente dos outros. Apesar disso, considero a Espanha um dos principais candidatos ao título mundial, a par do Brasil, por jogar em casa, da Alemanha e... da Holanda. Não acho a Argentina com "arcaboiço" para ombrear com estas quatro.

Mas vamos ao que interessa, que foi o jogo desta noite. Se para alguns este resultado foi uma surpresa, para mim apenas foi nos números e em pequenos detalhes. Passarei a explicar mais adiante.

Louis Van Gaal é conhecido por ser um estudioso do jogo e por posicionar muito bem as suas equipas e não é por acaso que achou conveniente trabalhar sobre um sistema de três centrais. Se nos recordarmos da Holanda que Portugal venceu por 2-1 no Euro-2012, tinha um ataque demolidor mas a sua transição defensiva era pouco mais que paupérrima e a equipa partia-se com demasiada facilidade. Van Gaal tratou dessa questão, não só com os três centrais mas principalmente com um meio campo de "combate" que liberte na sua plenitude Robben, Snider e Van Persie para fazer aquilo que melhor sabem fazer: atacar a baliza adversária.

O jogo começou muito encaixado, com a Espanha na sua habitual posse e a Holanda mais espectante. A inclusão de Diego Costa poderia dar a acutilancia ao ataque espanhol que tem faltado ao Barcelona, mas poucas vezes o espano-brasileiro teve bola decente para alvejar a baliza holandesa. Quando teve, preferiu atirar-se para o chão e o árbitro (provavelmente por ele ter nascido no Brasil) deu-lhe a prenda. Xabi Alonso marcou e a Espanha estava na frente.

Este é o primeiro pormenor que me surpreende deste jogo. O tiki-taka é muito mais eficiente quando a equipa está em vantagem, pois retira ao adversário a força anímica para tentar dar a volta ao resultado. É verdade que o golo de Van Persie aparece naquela altura chave, mesmo sobre o intervalo, mas a forma como é obtido, num passe em profundidade num lance de três toques de bola indicia que a pressão espanhola não foi (pelo menos neste jogo, vamos a ver se o "não foi" passa a "não é") aquilo que era normal ser. Verdade seja dita, este golo de Van Persie é simplesmente fantástico.

Segunda parte e a toada estava parecida, sendo a principal diferença que a Espanha não tinha a profundidade da primeira parte. Se Diego Costa recebeu poucas bolas nos primeiros 45 minutos, na segunda parte menos recebeu ainda. E então surge o Génio de Vidro do Bayern, Arjen Robben, a dominar a bola com mestria a mais um passe de Blind e a proporcionar a cambalhota no marcador à Holanda.



A Espanha passou a perder a bola com ainda maior facilidade, com os seus jogadores a demonstrarem o nervosismo que sentiam. Nesta altura entra um dos maiores mistérios deste Mundial: porque é que Diego Lopez não foi convocado?! Há alguma desculpa de Casillas no terceiro golo da Holanda, pois Van Persie faz falta, mas o lance foi mais uma vez mal abordado e a realidade é que logo a seguir oferece ao avançado do Manchester United o quarto golo! Isto tudo depois de quase ter oferecido a Liga dos Campeões ao Atlético Madrid. As saídas de Casillas da baliza são um treme-treme para a defesa espanhola, mas ao estilo Scolari-Baía, temos agora Del Bosque-Lopez.

Uma Holanda personalizada acabou vencendo por 5-1, num golo em que Robben desfaz sozinho o pouco que restava do orgulho nos defesas espanhóis, mas podemos dizer que foram "só" 5-1. O vexame podia ter sido muito, muito maior. Os números supreendem, a vitória em si não me surpreende nada. A Espanha de tão calculista em posse, com tanto passe curto, tornou-se previsível, e Van Gaal aproveitou isso muito bem. Agora, a Espanha está numa rede muito complicada de desfiar, pois terá de lutar com o Chile pelo apuramento e se passar é praticamente certo que cairá nas malhas do Brasil, anfitrião da prova.

Comparar este tiki-taka com aquilo que o Barcelona de Cruif ou a Laranja Mecânica dos anos 70 faziam é só boa vontade. Havia acutilância, procura constante da baliza e objectividade num jogo em que defesas causavam desequilibrios e apareciam a finalizar. A ideia base do futebol do Barcelona e por inerência da Selecção Espanhola não está errada, os artistas é que já não são os mesmos. Se gostei imenso da Espanha de Aragonés no Euro-2008, com Villa e Torres na frente a deliciarem-me do ponto de vista futebolístico, a do Mundial 2010 já me deixou um sabor a churrasco de beterraba (coisa assim para o "sem sabor"). Cesc como falso-9 matou por completo o prazer que tiro de ver a Espanha, apesar de achar que tem a sua virtude. O problema é que já há selecções a perceber como ultrapassar esta Espanha de muita posse e pouca profundidade... que faz lembrar o Portugal Campeão do Mundo de Futebol sem balizas.

GRUPO A - BRASIL 3-1 CROÁCIA - NEYMAR RESOLVE!


Como é habitual nos primeiros jogos de um Mundial, raramente assistimos a um grande jogo de futebol. As razões são várias mas a principal, nos últimos tempos, é que uma das equipas em campo é a Selecção da casa, que leva consigo toda uma carga de espectativas e esperanças que colocam a equipa sob uma pressão tremenda para não falhar. Hoje foi mais um exemplo disso, com o Brasil.

Já se previa que o Brasil teria dificuldades frente a esta Croácia e isso confirmou-se! A selecção dos Balcãs estava muito bem montada para travar o "escrete", com um meio-campo muito "raçudo" mas com os pézinhos de Rakitic e Modric a fazerem a cabeça em água aos adversários sempre que a recuperação de bola era uma realidade. Olic, mesmo sem a velocidade de outros tempos, nunca deixou Dani Alves em paz e foi pelo seu lado que a surpresa surgiu, ainda nos primeiros 10 minutos de jogo: o golo da Croácia, numa oferta com lacinho do Marcelo. O mais preocupante para o Brasil nessa altura nem era o facto de estar a perder (pois havia muito tempo ainda) mas sim o facto de não conseguir furar a defesa croata, que funcionava como um bloco bem recuado e a impedir as tão faladas movimentações entre-linhas que os jogadores mais móveis, como Hulk, Óscar e Neymar tanto apreciam. Foi então que se percebeu que era preciso alguém pegar na bola e criar o desequilibrio e esse alguém foi mesmo o Neymar. 

Deu primeiro o mote numa arrancada pela direita que proporcionou um belo remate a Óscar para defesa fantástica de Pletikosa, inventando depois um golo numa altura em que o Brasil tinha encostado a Croácia à sua área mas continuava sem conseguir entrar. Diga-se que esse golo e o terceiro do Brasil aparecem ambos em situações que o meio-campo da Croácia demonstrou alguma "leveza" excessiva, podendo ter interrompido em falta ou garantido a posse de bola mas tendo os brasileiros evidenciado mais "garra" na disputa. E esse é o principal defeito que coloco à selecção croata.



O empate a um golo era no fundo um resultado acertado ao intervalo e a segunda parte manteve a mesma toada, apesar de que o Brasil começou a perder o controlo do meio-campo, permitindo à Croácia mais posse de bola. Surge então o penalti sobre Fred, que me parece bem assinalado (daquelas faltas que são assinaladas de pronto a meio-campo mas na área geralmente passam... mas não deixam de ser faltas) mas cujo cartão amarelo a Lovren me parece excessivo. Segundo de Neymar e o Brasil a dar a cambalhota no marcador.

Quando imaginava que agora sim teria um Brasil a dominar as operações, enganei-me redondamente. Aqui se vê que a confiança da "canarinha" não é das melhores e se não fosse o Júlio César e o David Luiz bem que os brasileiros não estariam a festejar. A Croácia subiu linhas, pressionou com mais vigor os brasileiros sobre o seu meio-campo ofensivo, usou os laterais para desequilibrios (que até aí só se tinham preocupado em defender o Óscar e o Hulk) e criou sérios problemas aos anfitriões. O resultado de 3-1 (golo que surge numa perda de bola, como disse, de forma pouco aguerrida e julgo eu com alguma culpa de Pletikosa) é excessivo e não demonstra o que as equipas produziram em campo.

O Brasil não pode ficar no poleiro depois desta exibição, pois uma selecção com mais aguerrida defensivamente que a Croácia pode dar-lhes um dissabor muito grande.


12/06/2014

BRASIL 2014 - ROLA A BOLA!!!!

Ui!!! Tchéééé!!! Tanta traça!

Está na hora de dar uma arejadela nisto e dar andamento ao maior espectáculo do Mundo. Ao longo do próximo mês, vou fazer as devidas análises aos jogos do Mundial 2014 que fôr vendo, com especial destaque para o pré e pós jogos da Selecção de Portugal!

Até lá, venha a música do Mundial!!!