07/12/2006

OS MENINOS DOS PAPÁS!

Agora é que vai ser... O árbitro manda-me pegar na bola e encaminhar-me para a marca dos 11 metros. "Vá, vamos embora que já se faz tarde e ainda vai dar a Floribella!", numa clara alusão à total e nojenta dependência do desporto às regras capitalistas das transmissões televisivas! Fiquei chateado. A sério que fiquei, pois se há coisa que eu não acredito é que haja gente a ver a Floribella! Principalmente gente que esteve a ver um jogo de futebol. Mas adiante...

Dirijo-me para a marca de penalty, quando oiço aquele "puto-maravilha" da história do Capuchinho Vermelho a dizer: "Vais falhar! HAHAHAHA!". Oh meus amigos... Mas o que é isto? "Cuidado, não tropeces"... é aceitável. "Lembra-te, tens meio mundo desejoso que falhes para gozar contigo nos jornais"... ainda vá. "A tua mulher é um espectáculo e alguém está a papá-la neste momento."... epá, é original e desconcertante. "Vais falhar! HAHAHA!"... é no mínimo dos mínimos infantil!!!! Só faltava ele começar a fazer "pilinhas" com os dedos para a bola, como fazia o pessoal no meu bairro nos jogos no meio da rua com as pedras a servirem de bola. Que coisa mais imatura!!!!

Altamente demonstrativo da sociedade hoje em dia. Cada vez os putos são putos até mais tarde. Além de ser cada vez mais difícil sair de casa dos pais, cada vez é mais dificil crescerem e tornarem-se adultos e maduros. E a culpa, segundo um estudo feito recentemente, deve-se às dificuldades de emprego e ao facto de cada vez mais os jovens estudarem até mais tarde. Mas... isso é sinónimo de imaturidade? Não deveria ser precisamente o contrário?

O que é certo é que devido ao facto de não existir neste país um mercado de aluguer de casas digno desse nome, que permitisse a um jovem de 22 anos que começou a trabalhar ir morar sozinho e desopilar da vida dos pais, os putos agarram-se como lapas ao bem-bom da papinha feita a horas, da roupinha passada e da mama da chapa-ganha-chapa-gasta. Isto quando trabalham, pois alguns têm a brilhante ideia de tirar cursos superiores "cheios" de saídas profissionais, como sejam Engenharia da Fadiga de Materiais Plásticos, Linguas e Dialectos Curdos, História Contemporânea Pós-Guerra das Malvinas ou Engenharia Ocular Aero-Espacial, especializada para futuros engenheiros irem ao espaço arranjar todos os telescópios-satélite portugueses.

Tendo em conta que o nosso país não é o país das oportunidades, deparamo-nos com uma juventude completamente desmotivada, sem mercado de trabalho para pôr em prática competências que a Educação (não) lhes deu, pelo simples facto de permitir e legalizar curriculos que visam exclusivamente dar trabalho aos docentes amigos deste e daquele, e condenar ao desemprego dezenas de pessoas todos os anos que se esfalfam a estudar, a fazer trabalhos e a apanhar grandes bezanas na Semana Académica.

O que é que isto tem a ver com o facto de os jovens serem imaturos? Nada. Ou muito pouco. O que é que tem a ver com o facto de eles sairem tarde de casa? Alguma coisa. Ou tudo. Ou talvez nada... Porque é que eu falei disto? Porque o sistema de ensino é algo que me preocupa há muitos anos e que não vejo com tendências a melhorar. A partir do momento em que todos os anos saem 1000 novos licenciados em Direito das Universidades Estatais, aos quais se juntam, só em Lisboa, mais 1000 das maiores Universidades privadas de Lisboa (Católica, Lusófona e Autónoma), já viram bem a carrada de potenciais aldrabões (a.k.a. advogados) que saem todos os anos devidamente formados?? Como é que este país há-de andar para a frente???

Epá... estou com os pensamentos todos baralhados... Não penso coisa com coisa, digo muita coisa sem dizer nada... Acho que é da pressão deste momento... Vou tomar uma atitude sensata e madura: vou atirar-me para o chão outra vez e fingir que me estou a sentir mal...

... Ai ai ai...

30/11/2006

"TALENTO" OU "NÃO, 'TÁ LENTO"? EIS A QUESTÃO...

O árbitro manda toda a gente embora, que está na hora de seguir com o jogo, pois com esta confusão toda perderam-se já quase 4 minutos de jogo. Parece que finalmente tudo se apronta para o jogo prosseguir, a bola ir para a marca dos 11 metros, eu mandar-lhe uma ginja e pronto, resolver a questão de um a vez por todas. Se fosse assim tão fácil…

Sinto-me desinspirado. As coisas não me saem bem, a criatividade tirou férias e o patrão decidiu pôr a falta de jeito a fazer o seu lugar. Ou seja, as críticas nos jornais são muitas. Apesar de tudo, este até nem foi dos meus piores jogos até ao momento, só que reconheço que é preciso paciência e muita compreensão por parte do “mister” para me deixar em campo quando toquei numa bola pela linha lateral, completamente involuntariamente, quando a mesma já ia sair e era nossa… sem ninguém a importunar-me! Pura matarroanice!!!!

Este penalty será a injecção que preciso, o incentivo para não tremer das pernas quando a bola me chega, para não pensar “F***-se, vou falhar!” quando ainda vou a puxar a perna atrás no remate, para não ficar especado a olhar para o ar à procura dos meus colegas de equipa. Bom, mas reconheço que podia ser pior. Olha se eu fosse… escritor?


Augusto Silva decidiu, como que por artes mágicas, dedicar-se à escrita. Nunca foi muito ligado às questões das Letras, nem tão pouco tinha por hábito ler o jornal. Mas um dia, em jeito de bricadeira, escreveu um pequeno texto para assinalar o décimo aniversário do Clube de Bisca Lambida do Bairro de Inglaterra, orgulhosa e ignorantemente mencionado pelos seus associados como o Lamb Club (devido ao facto de ser um clube, “aportugesado” para “Lambe Clube” e obviamente gozado pelos clubes adversários como o Lambe-Cús). Infelizmente, muito por culpa do avançado estado de degradação etílica dos restantes companheiros, Augusto foi saudado de pé (ou quase) e todos sem excepção disseram que ele tinha jeito para a escrita.

Desde esse dia, e para mal de todos nós, achou que tinha futuro. Decidiu apostar nesse seu dôm recentemente descoberto e compartilhar com o mundo aquilo que os colegas do “Lambe Clube” já sabiam. Num país tão parco em cultura, Augusto Silva seria a sua lufada de ar fresco, imaginando-se desde logo a ser condecorado ao lado de personalidades como Eugénio de Andrade, Sofia de Mello Breyner ou José Saramago.

Durante dias e dias, Augusto escreveu sem parar naquela que ele imaginava como sendo o romance mais original da literatura portuguesa. Ao fim desse tempo todo, contabilizando 6 horas totais de escrita e 2 longos dias (sim, dias e dias podem ser dois dias, ou não??) referentes a um fim de semana no periodo ao fim da tarde, enquanto a RTP faz reposição das séries que deram em horário nobre durante a semana, estava finalmente concluída a obra prima de Augusto Saraiva, o primeiro pseudónimo de Augusto Silva. O título escolhido não podia ser mais ilustrativo: “Raul e Júlia”!

Cheio de confiança, Augusto decidiu levar a sua obra a uma editora, onde a pessoa que o recebeu teve a triste ideia, para mal dos seus pecados, de pedir um pequeno resumo daquilo que iria ler. Então, Augusto explicou: “É uma história amorosa tragicodramática de Raul e Júlia, ele filho do Presidente da Câmara de Viana da Milaneza, ela filha de uma outra família rica e poderosa, em que ambas as duas famílias, e friso «ambas as duas» para reforçar o universo bipolar desenrolador desta trama (n.r.: qualquer que seja o significado disso), não se podem a modos que ver uma à outra, mas “entretantes” os jovens apaixonam-se, têm assim uma cena… prontes… muito escaldante no livro, e depois… bom, depois é melhor ler, porque o final é o melhor! É de ir às lágrimas! Olhe, eu fui! E fui eu que escrevi e fiquei tão comovido, tão comovido, mas tanto tanto, que olhe… até chorei, prontes…”

Incrédula, a senhora da editora ficou com tal cara que nem Augusto Silva ou o seu pseudónimo Augusto Saraiva poderiam descrever pior que eu. Muito a custo, disse:

“Mas… mas… mas… isso é… plágio!...” – ao que Augusto respondeu:

“Olhe, sabe? Sinceramente não sei, porque eu essa parte dos Renascentistas e dos Pós-Modernistas foi sempre uma coisa que não me dei muito bem com ela na escola, percebe? Mas é capaz de ter qualquer coisita disso, sim, de «paranágio», é capaz sim senhora…”

Augusto sentiu-se insultado. Aquela que parecia uma simpática senhora, deveras interessada no seu trabalho, desancou-lhe a moral e o amôr próprio, além de pôr em cheque as suas capacidades de escritôr, acusando-o de ter copiado, imagine-se, o “Romeu e Julieta” de William Shakespeare. E nem o facto de ele ter argumentado que houve alguns “toques”, principalmente ao nível do ambiente da história, que havia ido buscar à obra do inglês como homenagem ao Bairro onde vivia fizeram a senhora baixar o tom de voz e sequer aceitar ler a cópia de “Raul e Júlia”.

No entanto, Augusto não desistiu. Depois que descobriu as maravilhas da Internet, fez o que milhões de escritores frustrados fizeram por esse mundo fora: criou um blog. Assim, não tem que dar satisfações a ninguém e escreve com alegria. Muitos são os que comentam a incentivá-lo pelo facto de expôr de forma tão bonita os seus pensamentos livres face à política externa da mercearia da Dona Antónia, às cagadelas nos passeios na Rua Cidade de Liverpool e, claro, pelos os seus romances originais. Hoje, Augusto sente-se realizado. O Blogger.com não lhe cortou as pernas e reconheceu o seu real valor. Mesmo assim, sofreu um revés muito grande quando uma das suas fontes de inspiração, o Hi5porcas, foi encerrado. Agora sim, Augusto está contente... e o indice cultural da nossa sociedade severamente comprometido...

Mas o seu pensamento e as suas ideias narrativas são, finalmente, livres e estão à mão de todos. E quando assim é, um homem sente-se realmente mais homem!

Fica a promessa: se eu falhar o penalty, crio um blog, onde vou escrever todas as minhas máguas e angústias da carreira, bem como todas as coisas que supostamente me atormentaram neste momento tão delicado…

Bolas, a bola está com um ponto rasgado. Oh! Shôr Árbitro! Esta não está em condições!!!

28/11/2006

O Capuchinho Vermelho

Obviamente que o moço levou, também ele, o cartão amarelo. É bom! Porreiro! Num único lance, um deles vai para a rua e outro fica amarelado. Não falta muito tempo, é certo, mas a coisa está no bom caminho. É então que aparece o "Chalana", puto-maravilha de 18 anos cuja alcunha deriva do facto de ser pequenino, esquerdino e ter cabelo comprido como um antigo jogador qualquer com o mesmo nome. E eu fiquei simplesmente maravilhado com a forma como aquele moço abordou o árbitro, falando um magnífico português pós-moderno, com 3 acordos ortográficos já posteriores àquele português que eu uso.

"Oh mano, qualé, mon? O dude na fez népia, mon! Cumé? Num pode-se mais mandar umas trips pó ar assim na cena do chateado?" Fascinante, não é verdade??? Eu acho que isto devia de ser um caso de estudo. Aliás, um caso de estudo pediátrico, visto que o moço vai ser pai em breve, tendo a mãe quase quase quase mas mesmo quase 16 anos, o que demonstra que as explicações para as aulas de Educação Sexual não serviram de muito, visto que chumbou no Planeamento Familiar. A minha pergunta, por pura e simples curiosidade, é: como será uma história infantil contada nesta lingua extra-terrestre?




O GORRO VERMELHO, YO!

Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena! A pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver? E então disse-lhe:

- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola!

Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque. Népia de mitra, na boa e tal, curtindo o som do iPod…

É então que, ouve, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:

- Yoh, tá td? Dd tc?

- Tásse… do gueto alí! E tu, tásse? – disse a pita

- Yah! E atão, q se faz?

- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moka do camano!

- Marado, marado!... Bute ripar uma até lá?

- Epá, má onda, tásaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de pildra se me cata…

- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.

- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!

E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tásaver? Manda um toque na porta, a velha “quem é e o camano” e ele “ah e tal, e não sei quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e na na na…”, a velha abre a porta e PIMBA, o dog papa-a toda… Mas mesmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos…

O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo á velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL… o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tásaver?

A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.

- Basa aí cá pa dentro! – grita o dog.

- Yo, velhita, tásse?

- Tásse e tal, cuma moca do camâno... mas na boa…

- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí…

- Bacano, pa ver se trato esta cena.

- Pá, mica uma cena: pa ke é esses baita olhos, man?

- Pá, pa micar melhor a cena, tásaver?

- Yah, yah… E os abanos, bué da bigs, pa ke é?

- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tásaver?

- Yah, bacano… e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?

- É PA CHINAR ESSE CORPO TODO!!! GRRRRRRRR!!!!

E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir a gaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou logo alí, o mano china a belly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha. Ina man, a malta a gregoriar-se toda!!!

E prontes, já tá…

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Lembrem-me para pôr uma ressalva no meu testamento que deserda os meus filhos e entregará todos os meus bens para a Fundação "Correr Livre", que angaria fundos para a investigação e pesquisa de tratamentos para o pé-de-atleta, caso eles venham algum dia a falar assim, ok? É que entretanto posso me esquecer...

LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

Resumo da história:

- Estamos a perder, fui lançado em profundidade, o Zé fez carrinho, encolhe-se todo para não me fazer falta, não me toco mas eu mando um salto parecia o Bugs Bunny a mergulhar na toca depois de dar um beijo muito gay no Elmer Fudd.

- O Zé é expulso, o capitão deles refila, o público deles atira coisas para o campo, pessoal do nosso público invade o campo.

- Faltam 2 minutos para acabar o jogo e é penalti. Se der golo, é quase certo que somos campeões.

- Levo com uma garrafa na cabeça e estatelo-me ao comprido, outra vez, enquanto chove uma série de outras coisas.


Bom, lá me levanto a custo, ainda meio azoado de toda esta confusão. A polícia começou a criar perímetro à volta dos Ultras da equipa da casa, para evitar que atirem mais porcarias que ponham em risco a integridade física dos jogadores. Enquanto isso, o capitão dos outros, o “Zé Maria” cá do sítio, continua a ranhosar com o árbitro. “Isto não pode ser, toda a gente viu que o gajo se mandou para o chão, só tu e o teu auxiliar não viram isso! Como é possível?” O árbitro não lhe liga puto, pois ainda está a tomar nota no bloquinho do segundo cartão amarelo e consequente vermelho ao Zé. “Isto é um roubo descarado, pá!”- gritou o capitão, visivelmente irritado com toda esta confusão. Já se esqueceu de que no jogo em nossa casa ele próprio “sacou” um livre directo mesmo frontal à nossa baliza, que lhes permitiu reduzir a desvantagem para apenas um golo… Ladrão que rouba ladrão… Agora por falar nisso…

António Azevinho de seu nome, filho de pai alentejano e mãe beirã, conhecido lá terra por Tócinho, era o típico português que achava que ele era mais esperto que os outros todos, e que como tal não precisava de trabalhar. Para ele, tudo era simples: apenas tinha de esticar a mão que tinha tudo o que queria. Desde cedo pôs em prática a sua arte do “estica-mão”, começando pela fruta do vizinho e pelos rebuçados nas mercearias, passando depois a umas camisolas na feira. Tirando alguns sobressaltos, a coisa corria bem, para desespero dos pais, pessoas honestas e pobres mas que fizeram do trabalho o seu ganha pão. Tócinho simplesmente fazia do uso do dôm que Deus Nosso Senhor lhe havia dado, e seguiu à risca a lição de vida que o avô lhe ensinou: se fores bom em alguma coisa, aposta nisso e tanto tu como o povo só terão a ganhar. O problema do Tócinho é que desde pequenino que teve dificuldades de aprendizagem e de compreensão. É óbvio que não se pode esperar muito de alguém que na escola primária respondeu à professora que o 25 de Abril tinha marcado o fim da Guerra entre dois Marechais: o Marechal Spinola e o Marechal Caetano. Já não ter chamado os US Marshalls já foi uma sorte (ou um azar, pelo facto de na altura não haver televisão na sua casinha em Viseu).


Tócinho juntou três amigos e eram reis e senhores das portas do cemitério de Vilela, uma terreola nas imediações de Viseu. O princípio era simples: um no cemitério, outro à porta, um controla as movimentações cá fora, enquanto o Tócinho, com uma chave de fendas, força o vidro dos carros a partir sem barulho e saca sem grandes escolhas tudo o que está à mão de semear, seja um telemóvel esquecido ou uma carteira negligentemente deixada sobre o tablier. Há já uns tempos que assim faziam e funcionava. A polícia não lhes conseguia deitar a mão. Até um dia…

Tudo fácil. Um Opel Corsa já bem velhote parou à porta do cemitério. Uma senhora nos seus 50 saiu do carro e deixou o casaco no carro, a cobrir a mala que entretanto já havia sido vista antes, enquanto ela estacionava. “Esta é canja!”, pensaram os 4 jagunços. O método: o mesmo de sempre. Um acompanha a senhora para dentro do cemitério, outro vai à porta. O Tócinho chega-se ao carro e… zaca, vidro estilhaçado. Quando se debruça para deitar mão à mala, solta um berro enorme, consequência da dôr que lhe deu na nádega direita, enquanto debruçado sobre a janela do Corsa. É tempo de dar à sola! A tentar sair,TRAU!!! Outra nalgada, outro grito! Este acompanhado com uma bela marrada no volante. Obviamente, os gritos chamaram à atenção quer do “controlador” que estava fora do cemitério, quer de alguns dos transeuntes. O certo é que ainda houve tempo para mais uma nalgada. PIMBA!!


Não há coisa mais feia que um homem de 40 anos a chorar, mas Tócinho chorava que nem uma Madalena arrependida, enquanto fugia em direcção ao carro agarrado à nádega que foi alvo de três chumbadas bem assentes. O Sousa, o vigilante cá de fora, foi atrás do Tócinho, enquanto este se dirigia para o carro arrastando a perna direita, com a mão direita a agarrar a nádega, dando mesmo a sensação que lhe havia dado uma cólica intestinal repentina e que se não arranjasse uma casa de banho, borrava-se todo às pinguinhas alí na frente do cemitério! O percurso era curto, uma dezena de metros, mas ainda deu para o Tócinho dar mais dois saltos, com duas chumbadas desta vez no lado esquerdo do fiofó! No entanto, a mensagem que ficou gravada foi daquele que até lhe fez comichão na orelha, quando já tinha a porta do carro aberta, e que lhe disse numa linguagem muito própria: “Na nalga dói, não dói? E se fosse na carola?”


Tócinho, como foi dito atrás, tinha dificuldades de aprendizagem. Ou melhor, era burro mesmo! E foi apanhado, porque a polícia mandou parar o BMW série 3 com matricula de importado, onde ia um homem de fato escuro que coxeava da perna direita, tinha a testa muito vermelha como quem tinha andado metido nos copos e que tinha acabado de roubar uma mala de senhora com um telemóvel e uma carteira lá dentro, entre uma série de sacos de plástico, segundo os relatos de uma testemunha. Quem é o estúpido que rouba, é descoberto e não larga o saque?? Só alguém capaz de dizer que o último rei de Portugal foi o Salazar!

Tócinho passou pouco mais de um ano na cadeia. A prisão foi algo que não estranhou, pois já lá havia passado uns dias anteriormente. Mas segundo contam, todos os dias está no tasco lá da terra, calado no seu canto, sem dizer nada a ninguém. No entanto, a espaços ouve-se qualquer coisa da boca dele…

Qualquer coisa estilo…

… zzzZIMMmmmm...

Moral da história: se eu marco golo, o árbitro e o seu auxiliar vão andar muito tempo a dizer “Ziiiim!!!” Zim-zim!!! ZIIIIMmmmmmm!! Zimmmm!!! Zimmmmmmm!” Sim, porque eu apenas estacionei o carro… ;)

22/11/2006

TOMA LÁ O MEU, DÁ CÁ O TEU...

Ahhhhh... ... Irra, que dói para cacete!!!! Sacanas dos adeptos, tanto fizeram que conseguiram acertar-me com uma garrafa de água no alto da pinha!! Impressionante, como alguém pode trabalhar assim?!?! Não chega um gajo atirar-se para o chão, cag... sujar-se todo, e ainda é levado a "comer relva" outra vez por um energúmeno desmiolado que atira uma garrafa de água CHEIA à mona de um pobre jogador de futebol!!!! Sinceramente!!!!

O certo é que foi de tal maneira que caí de trombas no relvado. Estou tão abananado que até parece que estive inconsciente mais de um mês. Nem sei a quantas ando. O Pedro Paços, ex-colega meu que foi dispensado no ano passado e que assinou esta época pelo adversário
, está ao pé de mim a inteirar-se do meu estado e gritando com os seus adeptos para pararem de uma vez de atirar coisas para o relvado.

O Pedro, internacional por 26 vezes, é um bom jogador, um pouco fora já do seu auge, mas essencialmente é boa pessoa e um bom amigo. Quer dizer... mais ou menos... hoje somos menos amigos que há uns tempos atrás, em que o facto de sermos companheiros de quarto ajudou a fomentar uma amizade que ficou estragada por causa... bom, por causa de uma coisa que até tenho vergonha de falar.

Tudo há cerca de um ano. Voltávamos para casa no autocarro, após uma vitória que nos mantinha na luta pelo título que não ganhámos. O Pedro estava eufórico, pois tinha entrado para jogar a 20 minutos do fim, após 5 longos meses de tratamento a uma ruptura parcial de ligamentos que na idade dele lhe poderia ter custado a carreira, e ainda marcou o golo que deu a vitória a 2 minutos do fim.

Chegámos ao estádio, onde tinhamos os nossos carros, e é já no parque de estacionamento subterrâneo que temos a conversa que para sempre marcou a nossa relação:

- Strik3r (como ele me trata), quero comemorar à grande! E tu tens de vir comemorar comigo!
- Oh Pedro, na boa! Tens alguma ideia em mente?
- Tenho! Estou a pensar em algo completamente fora do normal, algo que nunca fizémos os dois, mas que é uma loucura!
- Sim, mas... o quê?

Quando ele falou, eu fiquei estarrecido. Nem o facto de dizer que não havia mal nenhum, que era tudo uma questão de mentalidade, que era a partilha que estava em causa e o bem estar de todos... Sentia um grande conflito dentro de mim, pois a realidade era dura: eu amo a minha, mas só Deus sabe como desejava a dele... Após meia-hora a esgrimir argumentos, a decisão estava tomada...

Ele convenceu-me... Duas horas mais tarde, na zona da Expo, lá estávamos os dois, devidamente acompanhados pelas nossas mais-que-tudo... e aí, fizémos a troca. O combinado era no dia seguinte, no mesmo sítio, às 9:00, antes do treino, desfaziamos a coisa mais louca que já haviamos feito até àquele dia...

Foi a loucura... Os remorsos são grandes hoje, mas nunca esquecerei aquela noite... quanto mais ela pedia, mais eu lhe dei... E como lhe dei! Ela puxou por mim e eu puxei por ela! Fomos ambos ao limite do razoável, numa noite que ficou para os anais das nossas histórias.

Às 9:00 em ponto, a noite de sonho transformou-se em pesadelo... O Pedro chegou-se ao pé de mim pedindo mil e uma desculpas, que se havia entusiasmado e nunca pensou que ela não aguentasse... porque a dele aguentava... o ESTÚPIDO!! Até parece que não sabe que não há duas iguais!

Cheguei-me ao pé dela... alí estava, irta, quieta, mas chorando como uma Madalena Arrependida... Nesse momento, atingi o Pedro com um soco em cheio naquelas trombas, ao perceber que ele vinha para mais converseta do género "ah e tal, porque eu não sabia"... Desde esse momento, a nossa amizade esfriou muito. Já lhe pedi desculpa, pois a culpa foi minha. Minha e só minha. Tanto por lhe bater como por ter aceite fazer esse maldito Swing...

Bela conta que lhe apresentei, após 3 semanas... dava quase para comprar uma nova. Mas a minha Honda VTR SP-2 estava finalmente de volta à estrada. No entanto, já não era a mesma... Aquelas macacuas que uma pessoa tem. Se o Pedro não a tivesse rebentado toda naquela curva da Expo, ainda hoje a tinha... Aquela imagem dela a verter aquela mistura de água e óleo e todo o revestimento espalhado pelo asfalto, foram imagens que me tocaram fundo no coração. Eu não tratei a YZF-R1 dele daquela maneira... Puxei por ela, mas não a maltratei...

E duas relações se esfumaram num só dia: a de amizade com o Pedro e a de paixão pela minha mota... Tudo por um swing de motas... imaginem se fosse de mulheres...

03/10/2006

TIPICAMENTE PORTUGA...

Lá me vou levantando a custo, como se tivesse levado uma traulitada daquelas. Limpo os restos de relva que estão espalhados pelo meu equipamento e corpo. É nesse momento que se levanta um alto alvorço na bancada sul, mesmo junto à baliza onde me encontro: um miúdo, por sinal adepto da minha equipa, saltou o fosso para o muro interior e pôs-se a acenar com uma bandeira. O problema gerou-se quando um grupo de seguranças chegou ao pé dele e o agarrou!

Epá, faz-me urticária estas coisas! Está tudo a refilar e a assobiar os seguranças por terem detido um gajo que ultrapassou a fronteira. "Não 'tava a fazer mal nenhum, pá!!!!! O puto 'tava «sossugado», pá!! Palhaços, pá!!!!!" - eram as palavras de ordem gritadas por um homem da bancada. Claro que os seguranças não ligaram nenhuma nem a ele nem ao resto dos adeptos, que atiravam tudo quanto era tralha para cima dos homens. Curiosamente, quem levou com uma garrafa em cheio na môna até foi o "chavalo", que ficou até meio abananado.

Este caso fez-me lembrar do sítio onde um amigo meu trabalha. Um belo parque industrial com largas avenidas para circulação de ligeiros e pesados sem problemas, com parques de estacionamento e limite de velocidade de 30 km/h. A empresa dele é o pleno exemplo do típico portuga.

Primeiro, começa logo com a forma como o edifício foi concebido. Um complexo em "U" com 150 metros de comprimento e 80 de largura e parque de estacionamento privativo e todo o complexo ocupa dois lotes do parque. Até aqui tudo bonito. Mas é aqui que entra o "portuguesismo". Bute fazer o prédio? Bute. Ocupa-se este lote. E agora? Ah, agora o parque de estacionamento!! Bute!!! Ocupa-se este agora. Epá... ora porra!... Atão não é que a entrada do edifício fica a 150 metros do parque??

Pois é... Para ficar bonito, a entrada do edifício (única) fica imponentemente junto à avenida principal, com o parque de estacionamento nas traseiras, para não manter a armonia. Só que ninguém no seu perfeito juízo vai andar 150 metros encostado a uma parede cheia de portões de descarga num descampado ventoso! No Verão até é bom para o bronze mas... e no Inverno??? Já para não falar que quem entrasse às 9:00 tinha que parar o carro no parque às 8:45...

Bom, aquí entra o Portuguesismo - Parte 2. É a parte em que a malta começa a usar aquela característica tão lusitana e que se apanha pelo ar respirado directamente das bostas de burro ou ao comer-se cozido à portuguesa: o desenrasca. Ora o pessoal arranjou logo solução para estacionar os carros sem ter de andar 150 metros (no mínimo) até à porta. Para tal, simplesmente invadiu o parque de estacionamento de pesados que havia do outro lado da rua, mesmo em frente à entrada principal (e única) da empresa. Ah, isso é que foram dias... A chegar e ter lugar quase quase à porta do escritório, quem deseja melhor?

A Administração do Parque Industrial até compreendeu o problema, e como tal, decidiu ceder a metade norte desse parque para os trabalhadores da empresa, ficando com liberdade para usar o abandonado parque privativo das traseiras para encaminhar alguns pesados para estacionarem lá. Tudo então ficou maravilha...

Maravilha até ao dia em que o Chico Esperto achou que 3 metros era um espaço demasiado grande para se andar a pé... Então, o Chico, quando chegava e verificava que a primeira fila estava cheia, em vez de ir pôr o carro na segunda, simplesmente parava o carro sempre ao lado do último daquela fila. Ou seja, chegou-se a um ponto que a entrada do parque, a meio do enorme rectangulo que alberga normalmente 60 camiões em espinha em 3 paredes (15 em cada uma das larguras e 30 na parede oposta à entrada, estar coberta por carros! Se um ligeiro ainda podia passar para trás jeito de gincana, um pesado não passava de certeza...

Lá se foi o parque para o galheiro. O parque industrial proibiu qualquer ligeiro de voltar a estacionar naquele local, alegando que havia parques para ligeiros espalhados pelo restante recinto, não muito longe daquele local. E efectivamente, nas "traseiras" do parque de pesados, separado apenas por um passeio de piões, estava toda uma avenida com lugares para estacionar... Só que o Zé Portuga não se deixa ir nestas coisas! Qual quê??? Eu, andar 20 metros a pé??? Nem pensar!!!! Resumindo: passou a usar uma das supostas faixas de rodagem da avenida em frente ao edifício onde trabalha para estacionar, e aquilo que outrora era uma avenida de 4 faixas passou a ter apenas 3... Os que chegaram depois, que entraram mais tarde, recomeçaram a usar o parque de pesados, pondo os carros junto ao passeio do lado de dentro, seguindo o exemplo dos que põem do lado de fora... Há ainda aqueles que põem o carro em frente à porta de acesso à central eléctrica, porque "só muito de vez em quando aparece alguém"! Claro é que houve um dia que todo aquele segmento do parque industrial ficou sem luz durante 3 horas, porque o carro que estava estacionado em frente ao portão era de um estafeta que estava em serviço para os lados de Santarém e o carro da EDP não pôde entrar no recinto da central...

E já houve também o caso da senhora que ficou com o carro todo espatifado, porque um camião em manobras deu-lhe com um contentôr em cima. O seguro não pagou porque o carro estava estacionado numa via de trânsito, entrou com uma pipa... mas o carro, da última vez, estava lá, no mesmo sítio, no meio da estrada.

Bicho estranho, o portuga... será que se eu cuspir no gajo que me fez a falta e depois disser que foi um espirro por causa da cacimba, o shôr árbitro acredita? Bom, posso sempre reclamar a seguir...

29/09/2006

COMO SER UM CAMPEÃO SEM NUNCA O SER...

O público está ao rubro. De um lado, os nossos apoiantes, loucos por assistirem a uma oportunidade soberana da sua equipa para vencer a eliminatória. Do outro, os da equipa da casa, desejosos de vingar a eliminação de há uns anos, mas a vaiar quase unissonamente o árbitro por esta decisão... Está um ruído ensurdecedor no estádio, pois são 60.000, numa proporção de adeptos de 60-40, e acho que neste momento ninguém está calado. Ou grita "OLÉ OLÉ OLÉ" ou grita com o árbitro.

Por isto é que o desporto é um poço de emoção e uma das coisas mais belas que a humanidade criou. Estou certo que são momentos como este que estou a viver neste momento que criam os heróis! No fim, até podemos não chegar à final, mas esta eliminatória foi dramática! E daqui a uns anos, mesmo que nenhuma destas equipas tenha sido campeã, certamente falarão deste jogo e do homem que marcou o penalty vitorioso ou do guarda-redes que foi enorme na defesa!

Neste momento, só um nome me vem à cabeça: Gilles Villeneuve. É estranho... um jogador de futebol pensar num corredor de Fórmula 1. Mais estranho ainda pensar num corredor de Fórmula 1 que nunca ganhou nada! Quer dizer, nada... ganhou 6 corridas e teve uma série de segundos lugares... já não foi mau, né? Mas é particularmente simples dizer porque é que penso neste momento neste piloto...


Gilles Villeneuve chegou à F1 em 1976, onde guiou um McLaren durante umas corridas. No ano seguinte foi para a Ferrari e aí fez o resto da sua (curta) carreira. E foi uma das figuras do GP de França de 1979, em Dijon. Se perguntarem aos entusiastas ferranhos da F1 quem venceu esse GP, metade não saberá de cor, mas certamente saberão quem foi o 2º e o 3º: Gilles Villeneuve e Renés Arnoux. Porquê? Porque nas 3 últimas voltas, estes moços alternaram de posição 7 vezes, 5 delas na última de todas, numa série de ultrapassagens em que valia tudo, desde toques de rodas a ultrapassar pela relva! Fantástico! Uns meses mais tarde, em Watkins Glen nos EUA, na 6ª feira a chover a cântaros, Jody Sheckter tinha o melhor tempo numa pista quase impraticável. Impraticável... para os outros, pois Gilles foi para a pista e tirou ONZE SEGUNDOS ao tempo de Jody e ficou ele com a 1ª posição da grelha de partida provisoriamente.


O pai do campeão do mundo de 1997 (Jaques Villeneuve) é considerado um dos maiores pilotos de sempre da F1, sem no entanto ter ganho qualquer campeonato, mercê do seu modo especial de abordar as corridas. Gilles intitulava-se um corredor de automóveis, e que um corredor de automóveis não pode correr para os pontos, mas sim para deixar todos os outros adversários atrás de sí. Se está num GP para os pontos, não é um corredor mas sim um condutor de carros de corrida. Por causa deste seu feitio, fez coisas inimagináveis mas ficou também muitas vezes pelo caminho. E em Zolder, a 8 de Maio
de 1982 no GP da Bélgica, ficou de vez pelo caminho.


15 dias antes, Gilles e Didier Pironi, seu companheiro de equipa, seguiam calmamente para o final da corrida na primeira e segunda posições respectivamente, com ordens para pouparem combustível e com um acordo de cavalheiros entre os dois e o manager da Ferrari de que manteriam a ordem de posições nas últimas 10 voltas. Só que Pironi, numa manobra à cão, ultrapassa Villeneuve na última volta a 5 curvas da meta, e depois fechou-se todo na frente e acabou por vencer, quebrando o tal acordo e deixando Villeneuve piurso que nem um bacalhau na altura em que descobre que aquela taínha o levou para o meio da rede de um arrastão. Daí ter sentido a necessidade de provar (????) que era melhor, que merecia mais, que Pironi lhe devia respeito. Daí ter-se atirado à pista e puxado pelos limites do seu carro. E com os pneus já degradados mas ainda com a esperança de fazer melhor tempo que Pironi (que tinha sido mais rápido que ele em um décimo de segundo), deparou-se com o March de Jochen Mass a andar muito lentamente. Mass desviou-se para a direita para deixar Villeneuve passar por dentro da curva, só que Villenenuve também foi para a direita, com o objectivo de ultrapassá-lo por fora. O resto resume-se a um carro vermelho em vôo durante 200 metros e a desfazer-se em mil pedaços pouco depois.

Gilles é um campeão sem nunca o ter sido. Está num patamar igual ao de Senna e outros que faziam coisas impossíveis com carros que, comparados com outros, eram autênticas carroças. Demonstrou que a vida de um desportista é feita de momentos sublimes. Por isso, acho que vou marcar este penalty com o calcanhar...

28/09/2006

FALAM FALAM FALAM FALAM FALAM FALAM...

O "capitão" deles discute com o árbitro, pois não concorda com a expulsão... Não percebo porquê! Se "fez" falta, tem mais é de "levar" com o "amarelo" e consequente "vermelho"!! Não percebo o porquê de tanta discussão, pois o que está feito, feito está... Mas agora reparo: coitado do moço, tem cara de totó.Cara, assim estilo... Zé Maria!

Domingo, 22:00. O tão
esperado programa começa na TV. Eu admito: eu vi! Sim, fui um dos triliões de espectadores que estiveram a ver o compacto comemorativo dos 6 anos do Biggy Bró! Só que, ao contrário de 999.999.999.999.999.999.999.999, eu não gostei...

É que fugiu muito às minhas espectativas, pois pensava que iam fazer um estilo de reportagem de como aquelas 14 pessoas que entraram no primeiro programa haviam passado estes 6 anos. Mas não, deram apenas umas imagens do programa com comentários VIP da Marta, do Marco, da Célia e do Telmo. Ah, e daquela moça que faz publicidade à Longa Vida. Bonito bonito foi ver o filhote Marco Junior de 4 aninhos a ver o papá a dar biqueiros na boca das senhoras e a dizer "Olha que, que... F*DA-SE!!! Aquele c*r*lho daquele monte de m**da alí pá, eu já não o vejo bem!!! É que já não o vejo bem!!!" Exemplos de masculinidade!!! Assim é que é!

O que eu estava à espera era qualquer coisa deste género:

O QUE ACONTECEU AO PESSOAL DO BIGGY BRÓ???

ZÉ MARIA - Foi indróminado e rebentou a guita toda nas "princesas". Abriu um restaurante mas fechou-o logo a seguir. Quis entrar num Big dos Famosos para ganhar mas foi corrido, porque o ar de coitadinho enjoou as avozinhas, que entretanto passaram a preferir iogurtes.

SUSANA - Levou a cadela Big para a tripolândia onde vive e foi muito feliz com a cadela e o seu hamster amarelo... ou preto... ninguém sabe (nem o Zé Maria, porque estava escuro)... O namorado do programa não gostou da pronúncia carregada à lá Lisboeta com que saiu do programa, por causa da convivência com os Mouros, e largou-a. Hoje é cabeleireira exclusivamente de loiras...

CÉLIA - Durante 6 anos dedicou-se a uma causa nobre: apagar o sotaque tripeiro. Está quase lá. O forte continua seguro, para desespero do tropa Telmo (vide mais adiante). Mudou-se para Leiria, onde queimou 300 ha de pinhal para fazer a sua barraquinha de sonho no meio do campo militar. Passou a tomar banho sempre de bikini, com medo que haja câmaras.

TELMO - Deixou o basquete e hoje é um profissional de sucesso num ramo que lhe dá muito prazer: é ultra da Juve Leo, especializado em armas e assalto! Foi para a "1ª Companhia" para obter o treino necessário para finalmente invadir o forte da Célia. Ficou radiante quando tirou um curso de Composição Postal e Correspondência em regime pós laboral e descobriu duas coisas: que A/C é "ao cuidado" e que a palavra ATENÇÃO não começa com C.

MARTA - É hoje uma mãe babada. Passa o tempo a fazer palhaçadas para o Marco Junior, e a falta de imaginação para novas brincadeiras levou-a para o "Circo das Celebridades". Dedicou-se ao Kick Box passivo (leva e não pia), tudo por amôr ao seu querido marido.

MARCO - Tornou-se lutador profissional de Kick-Boxing misto (homem vs mulher) e discute o título com os melhores procurados pela polícia por violência doméstica. É um pai babado por o seu filho ser sobredotado. Nunca mais esquecerá o dia da primeira palavra do Marco Júnior: ZÉ MONDAMÉDA!!!

SÓNIA - Quis ser stripper, mas recusaram-na. Depois foi contratada para trabalhar na Longa Vida e explicar ao departamento de marketing como se faz bué sexo. Os problemas começaram quando deixou de falar de sexo para atacar nos iogurtes. Foi despedida e a Longa Vida teve de esperar 2 anos para ter novamente stock suficiente para voltar ao mercado.

MÁRIO - tornou-se um empresário de sucesso e excêntrico. Tão excêntrico que decidiu fechar o seu bar e começar a passear pelo país com os amigos. Hoje tem um escritório assente no Linhó. Todos os dias a mamã vai lá ter com ele para fazer a caminha, o pai vai coçar-lhe as costas, a irmã mastigar-lhe a comida e os colegas de "escritório" satisfazê-lo sexualmente e arrancar-lhe os pelos do peito com o tampo de uma mesa. Continua loiro e BURRO que nem uma porta...

MARIA JOÃO - Depois de ter sido acusada nas revistas côr-de-rosa de gostar de sexo oral, fez uma jura: nunca mais dirá uma palavra sobre sexo, por forma a afastar tais calúnias da sua imagem de uma vez por todas. Assim, certamente, nunca terá o sexo na boca. É uma jogadora de basquete de sucesso na Liga Amadora do Grupo Recreativo Folclórico e Desportivo dos Amigos do Bairro, em Ermesinde. Já foi MVP por 3 vezes, em 3 jogos que a sua equipa venceu por falta de comparência.

RICARDO E. (de expulso logo no 7º dia) - Vive com a mamã e com o namorado que recentemente desencantou no Gay Parade de Madrid. Cansou-se das mulheres e do surf, bem como de arranjar brincadeiras engraçadas e surpresas inimagináveis aos amigos e amigos que no fim não tinham piada nenhuma. Foi para padre... até que descobriu o Rolandinho.

RICARDO M. (de "músico") - A sua banda correu com ele, porque desde que entrou no BB a imagem da banda foi-se degradando. Foi para os infantários cantar as aventuras da casa, mas a coisa corria sempre mal à 4ª música, quando dizia que o Zé Maria era um MONDAMÉDA e punha invariavelmente os putos aterrorizados e as educadoras em estado de choque. Hoje dedica-se unica e exclusivamente à sua carreira de super-herói, na pele de Corvo, apesar dos direitos de imagem pertencerem a outra pessoa...

RIQUITA - Lembram-se dela? Não? Pois, nem os filhos nem o marido que ela abandonou para ir para o BB e estar lá durante 3 dias... Para tentar provar que era realmente boa naquilo que faz, apresentou-se a casting para todas as outras 3 edições, foi aos Ídolos, tentou ser Princesa nas "Princesas do Zé Maria", foi corrida do Bar da TV e do Masterplan a pontapé e invadiu o cenário dos Morangos com Açucar em dia de episódio em directo. Isso valeu-lhe quase quase o papel principal na Floribela, mas ficava ridicula de côr de rosa e totós e ainda por cima não sabia cantar...

CARLA e PAULO - Ambos continuam na sua incessante tentativa de substituir o Marco, papel para o qual foram destacados quando o Marco foi expulso do BB. Ainda se suspeitou que o filho da Marta fosse do Paulo, mas descobriu-se que havia uma incompatibilidade genética para tal (homossexualis geneticorium no 13º cromossoma do Paulo). A Carla já defrontou o Marco num ringue, com vista a acabar com a raça dele e assim poder viver feliz para sempre com a Martita, mas um pontapé nos beiços bem assente acabou com as suas esperanças. No entanto, a luta continua... eles não desistem...

Vá, digam lá... Não tinha muito mais piada?

PENALTY!!!

Irra!!!... Dói que se farta!... Ahhhhhhhrgh!!! Uiiiiii... Vá... mais 30 segundos no chão para descansar...

30 anos de vida, desde os 15 nesta vida... Levo 15 anos de experiência. Vá, há que admitir que depois de tanto tempo a fingir lesões, com lágrimas a escorrerem-me pela face como se fosse morrer já aqui e não tivesse tido oportunidade de me despedir da minha mulher (que neste momento estará a pensar que desta é que foi, finalmente fiquei com um joelho em fanicos) e com esgares de dôr como um porco acabado de esventrar numa matança, já tenho curriculum mais que suficiente para que daqui por 5 ou 6 anos me possa apresentar sem problemas numa qualquer companhia de teatro.




O que importa é que o árbitro assinalou. O empate dá-nos o título e o Zé, o defesa deles, vai para a rua com 2º amarelo. Coitado, podia ter sido a noite dele, até marcou o golo deles e tudo, e acaba na rua por causa de mim... Como se isso me importasse muito, visto que vou-me levantar e tentar marcar um golo de penalty... Até hoje não falhei, mas... e se é hoje?

Epá... upa... já me posso levantar. Continua-me a doer a mão, por ter apoiado mal durante a encenação da falta. Mas isto passa! Ena, tudo aos encontrões!!!! Deixa-me cá pôr um ar combalido... agora coxear um bocadinho... ora cá está...

As coisas acalmaram e já tenho a bola na mão. Porra que o gajo é grande! A baliza supostamente tem 7,32 m mas o homem parece que ocupa 8 m de braços abertos!!! Tenho de me esquecer que ele sequer existe. Só tenho de marcar como sempre marquei os penalties e pronto, seremos todos felizes!

Mas... e se ele adivinha?