14/11/2015

NÃO SE TRATA DE RELIGIÃO!

13 de Novembro de 2015. Uma sexta feira supostamente normal termina com um dos ataques terroristas mais fraticidas e cobardes da história recente da Europa. Em Paris, um estádio de futebol, uma sala de espectáculos e vários outros locais lúdicos foram o palco perfeito para passar mensagem, segundo uns iluminados que acham que são os detentores da verdade absoluta. A mensagem, essa, foi simples: tenham medo.

Ao matarem pessoas perto do Stade de France (palco da futura final do EURO 2016 de futebol) onde se jogava um França-Alemanha, no Le Bataclan durante um concerto de uma banda norte americana, e em vários restaurantes e  zonas públicas movimentadas numa normal noite de sexta feira, o objectivo foi atingido de forma evidente. Pelo menos, no curto prazo.

Estamos perante um cenário que hoje coloca várias incógnitas ao futuro da civilização europeia. O Espaço Schengen é o primeiro, do ponto de vista político, mas se calhar o menos importante para a vida das pessoas.

Continua-se a associar este tipo de situações, principalmente as ligadas ao ISIS, à religião e ao islamismo radical. No entanto, a explicação é mais simples e, provavelmente, pior. Trata-se apenas de poder e exploração da maldade humana.

Os terroristas que atacaram o Charlie Hebdo e ontem toda a cidade de Paris são presumivelmente muçulmanos, mas podiam ser católicos, protestantes, hindus, budistas ou cientólogos. Ou outra coisa qualquer. Aquilo que o ISIS faz não é uma guerra santa, é guerra pura, simples e dura. Não são radicais convertidos que cortam cabeças a jornalistas, matam e traficam mulheres e meninas, destroem património cultural mundial e assassinam pessoas normais em vidas normais. São homens a quem foi prometido esse poder de contornar leis e perpetrar o mal sem consequências, porque mesmo que morram serão sempre considerados heróis!

Reparem nuna coisa: quando a um assassino preso era dada a hipótese de liberdade, desde que fosse para ir numa caravela mar dentro, e quando se encontrasse terra desatar a matar índios em nome da Igreja de Roma, a escolha desse homem era óbvia. Aqui a coisa funciona um pouco da mesma forma. Depois, é só esperar que esse elemento dê liberdade a toda a sua frustração para quem o chamou recolher os frutos e ser também ele um herói reconhecido.

Por isso, volto a referir: isto nada tem a ver com religião. É preciso separar os que apenas pretendem dar asas à sua maldade recalcada através de um poder que lhes é dado imediatamente na forma de uma metralhadora, dos que têm fé numa entidade superior e respeito pela vida, pelos outros e pela civilização. Com excepção das famílias das vitimas, essas pessoas de fé são quem mais sofrerá com este ataque nos próximos meses...