17/06/2014

GRUPO G - ALEMANHA 4-0 PORTUGAL - QUANDO TUDO CORRE MAL, ALGUÉM FAZ CORRER AINDA PIOR


Foi um autêntico "panzer" psicológico o que se abateu sobre a Selecção Portuguesa hoje em Salvador da Bahía. Todos os cenários catastróficos que se podiam imaginar surgiram a dobrar e Portugal viu-se num autêntico cenário dantesco para o qual já deve ter percebido que a principal culpada é a própria equipa. Num jogo para recordar sob todas as perspectivas negativas para que se perceba que tudo o que se passou não pode acontecer no futuro, a Selecção Nacional inicia o Mundial com um resultado lisonjeiro para o que poderia ter sido e mesmo assim com a pior derrota em mais de 30 anos.

O jogo tem obrigatoriamente de ser dividido em duas partes. A primeira quando ainda estavam 11 portugueses em campo e a segunda em que só estavam 10. 

Os primeiros 10 minutos foram equilibrados e até foi a selecção a criar os primeiros dois lances de perigo. Depois, aos 12, entra mais uma vez em acção a arbitragem do Mundial 2014, que tem sido muito criticável, para ser meigo. Facto: João Pereira puxa e empurra Goetz. Facto: Goetz puxa e empurra João Pereira primeiro. Ambos discutem a posse de bola e posição com braços, logo o lance nunca pode ser decidido como falta do português.

O 1-0 caíu como uma bomba em cima da equipa portuguesa, que se destabilizou de forma incompreensível. Uma selecção com esta experiência não pode ficar assim só porque um penalti contra sí foi mal assinalado. Entretanto, a lesão de Hugo Almeida, que pouco trabalho deu à defesa alemã, proporcionou a entrada do melhor elemento português em campo hoje: Ederzito, o jogador do Sp. Braga que provavelmente assumirá de vez a titularidade da Selecção.

Já a perder por 2-0, num lance de mérito de Hummels (bela impulsão e timming perfeito de ataque à bola, impulsionado pela corrida que tem de trás), numa altura em que Portugal equilibrava a partida e voltava a criar perigo para a baliza de Manuel Neuer, Pepe torna-se o detonador de uma implosão brutal. Se as derrotas e as vitórias são colectivas, e toda a regra tem excepção, eu coloco inteiramente Pepe num regime excepcional a esta regra: o central é claramente o culpado da ecatombe de Portugal. Nem mesmo "safando-se" de uma primeira "traulitada" perante alguma complacência do árbitro se deixou ficar quieto no seu canto, pelo contrário dirigiu-se a Thomas Muller para dar uma cabeçada. Não vou em desculpas de pequena intensidade, de pouca força, do que seja. O lance é para expulsão clara e Pepe devia ser severamente castigado internamente pelo que fez.


Na segunda parte do jogo, a parte disputada pelos 10 jogadores restantes, não se pode fazer uma apreciação decente. Jogar com 10 elementos a partir dos 35 minutos, a perder por 2-0 e contra a Alemanha, é o cenário que nenhum treinador ou jogador deseja enfrentar. Para "ajudar à festa", a pior "baixa" que podíamos ter aconteceu: Fábio Coentrão lesionou-se com alguma gravidade e estará provavelmente fora do Mundial. Em suma, todos os erros, todas as falhas, todas as bolas perdidas e lances despropositados têm de ter em consideração o cenário atrás descrito associado ao facto de estar a ser constantemente "rabiado" pelos alemães. Só quem não esteve lá dentro em situações semelhantes poderá alegar que havia algo mais a fazer...

E agora?! Agora, está tudo na mesma como estava antes do jogo: em circunstâncias normais, duas vitórias são mais que suficientes para o apuramento para os oitavos de final e esse cenário, nada infernal, mantem-se. É preciso lamber as feridas, corrigir opções, olhar para o próximo jogo como se de uma eliminatória se tratasse e, acima de tudo, não esquecer o que se passou. Estes jogos não são para esquecer, são para lembrar muito bem. Porque no fundo, foi uma derrota grande, mas a guerra nem a meio vai ainda. 

Sem comentários: