16/06/2014

GRUPO D - ITÁLIA 2-1 INGLATERRA - JOGO DE MUNDIAL


O dia de sábado teve para mim duas surpresas. A primeira é surpresa pela negativa e tem uma tonalidade de azul tão leve como a qualidade de futebol que praticou. Estou a falar do Uruguai, que é conhecido por ser aguerrido no meio campo e um terror para o adversário no ataque, sendo que o problema foi que esse meio campo cheio de garra e com entrega fácil nos homens da frente não existiu, a defesa baqueou frente a uma Costa Rica que tem um brilhante Joel Campbell e pouco mais, e a ausência de Luis Soarez não justifica tudo! Como só vi parte da segunda parte, este jogo não será alvo de análise, mas será interessante ver o Uruguai na segunda jornada.

A outra surpresa do dia, esta pela positiva, foi a Inglaterra. Não esperava uma selecção tão fresca, honestamente. As entradas no onze de Daniel Sturridge e Raheem Sterling, associados a um mais solto Welbeck dão à selecção inglesa uma rotatividade em termos da condução de bola que não se via há muito tempo. A esses ainda se junta Ross Barkley, um jogador explosivo e que permite à Inglaterra muito mais e melhores opções para procurar o golo, ao contrário do que se viu no EURO-2012. Apesar disto nem tudo são rosas, e os problemas da Inglaterra começam, a meu ver, logo no "timoneiro": Roy Hodgson é uma pessoa simpática, típicamente britânica no sentido de humor, a sua imagem transmite carinho, mas parece-me não ter "mãozinhas" para o carro que tem. Fiquei com essa sensação no EURO-2012 e continuo com a mesma sensação. 

A Inglaterra deixou a Itália em paz e sossego em trocas de bola no seu meio-campo sem qualquer tipo de pressão ou tentativa de recuperação de bola durante longo períodos. Deixou por isso a Itália nas suas "sete quintas" quando estava em vantagem, deixando-me uma ideia de pouca agressividade na tentativa de recuperação de bola. A única razão para este comportamento será o facto de Hodgson não conceber a mínima possibilidade de um desposicionamento defensivo e de ter dado muito jeito a derrota do Uruguai. Mas quando se está a perder por um golo e se tem como adversários ainda o Uruguai pela frente, seria de todo interessante procurar o melhor resultado possível com a Itália, direi eu...

Curiosamente, do outro lado temos a velha Itália, mas aquela Itália com um sabor a 2006. Sim, uma Itália forte a defender, como é hábito, mas que não tem medo de se aventurar no ataque, que não joga no contra-golpe em quase exclusividade, procurando mesmo em vantagem no marcador construir lances de ataque organizado, tirando o melhor partido da qualidade dos seus jogadores. Pirlo tem obviamente a batuta no seu pé direito e marca o ritmo do jogo, com Marchisio e De Rossi no apoio dr meio campo e um lado direito muito dinâmico onde pontificaram Candreva e Darmian, principais fornecedores de Super-Mario Balotelli.


Não é por acaso que este é, até ao momento, o melhor jogo do Mundial. As duas equipas estiveram durante a maior parte dos 90 minutos a atacar a baliza adversária. A Inglaterra entrou muito bem, criou duas grandes oportunidades para a baliza do substituto Sirigu (Buffon está lesionado, o que é pena), mas a Itália adiantou-se praticamente no primeiro remate efectivo à baliza de Joe Hart, num canto muito bem trabalhado e concluído por Marchisio. No minuto seguinte, golo de Sturridge a passe de Wayne Rooney. Balotelli marcou o 2-1 logo aos 50 minutos e enquanto houve pernas (principalmente nos dois miúdos Sterling e Sturridge), a Itália não descansou na defesa e procurou sempre o golo do descanso, que acabou por não surgir. Assim, tivémos jogo até ao fim, mesmo com algumas debilidades inglesas em virtude da muita juventude em campo.

 Este jogo permitiu-me perceber que a Itália está em bom nível e é preciso contar com ela e que a Inglaterra, que eu colocava na primeira visão dos grupos como sendo o Campeão do Mundo a descartar do Grupo D de caras, afinal tem argumentos mais que suficientes para arrumar com o Uruguai que vimos frente à Costa Rica. E os espectadores ficaram muito mais bem servidos do que se estivesse em campo a Itália "catenaccio" e a Inglaterra "polaco-ucraniana".


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