22/11/2006

TOMA LÁ O MEU, DÁ CÁ O TEU...

Ahhhhh... ... Irra, que dói para cacete!!!! Sacanas dos adeptos, tanto fizeram que conseguiram acertar-me com uma garrafa de água no alto da pinha!! Impressionante, como alguém pode trabalhar assim?!?! Não chega um gajo atirar-se para o chão, cag... sujar-se todo, e ainda é levado a "comer relva" outra vez por um energúmeno desmiolado que atira uma garrafa de água CHEIA à mona de um pobre jogador de futebol!!!! Sinceramente!!!!

O certo é que foi de tal maneira que caí de trombas no relvado. Estou tão abananado que até parece que estive inconsciente mais de um mês. Nem sei a quantas ando. O Pedro Paços, ex-colega meu que foi dispensado no ano passado e que assinou esta época pelo adversário
, está ao pé de mim a inteirar-se do meu estado e gritando com os seus adeptos para pararem de uma vez de atirar coisas para o relvado.

O Pedro, internacional por 26 vezes, é um bom jogador, um pouco fora já do seu auge, mas essencialmente é boa pessoa e um bom amigo. Quer dizer... mais ou menos... hoje somos menos amigos que há uns tempos atrás, em que o facto de sermos companheiros de quarto ajudou a fomentar uma amizade que ficou estragada por causa... bom, por causa de uma coisa que até tenho vergonha de falar.

Tudo há cerca de um ano. Voltávamos para casa no autocarro, após uma vitória que nos mantinha na luta pelo título que não ganhámos. O Pedro estava eufórico, pois tinha entrado para jogar a 20 minutos do fim, após 5 longos meses de tratamento a uma ruptura parcial de ligamentos que na idade dele lhe poderia ter custado a carreira, e ainda marcou o golo que deu a vitória a 2 minutos do fim.

Chegámos ao estádio, onde tinhamos os nossos carros, e é já no parque de estacionamento subterrâneo que temos a conversa que para sempre marcou a nossa relação:

- Strik3r (como ele me trata), quero comemorar à grande! E tu tens de vir comemorar comigo!
- Oh Pedro, na boa! Tens alguma ideia em mente?
- Tenho! Estou a pensar em algo completamente fora do normal, algo que nunca fizémos os dois, mas que é uma loucura!
- Sim, mas... o quê?

Quando ele falou, eu fiquei estarrecido. Nem o facto de dizer que não havia mal nenhum, que era tudo uma questão de mentalidade, que era a partilha que estava em causa e o bem estar de todos... Sentia um grande conflito dentro de mim, pois a realidade era dura: eu amo a minha, mas só Deus sabe como desejava a dele... Após meia-hora a esgrimir argumentos, a decisão estava tomada...

Ele convenceu-me... Duas horas mais tarde, na zona da Expo, lá estávamos os dois, devidamente acompanhados pelas nossas mais-que-tudo... e aí, fizémos a troca. O combinado era no dia seguinte, no mesmo sítio, às 9:00, antes do treino, desfaziamos a coisa mais louca que já haviamos feito até àquele dia...

Foi a loucura... Os remorsos são grandes hoje, mas nunca esquecerei aquela noite... quanto mais ela pedia, mais eu lhe dei... E como lhe dei! Ela puxou por mim e eu puxei por ela! Fomos ambos ao limite do razoável, numa noite que ficou para os anais das nossas histórias.

Às 9:00 em ponto, a noite de sonho transformou-se em pesadelo... O Pedro chegou-se ao pé de mim pedindo mil e uma desculpas, que se havia entusiasmado e nunca pensou que ela não aguentasse... porque a dele aguentava... o ESTÚPIDO!! Até parece que não sabe que não há duas iguais!

Cheguei-me ao pé dela... alí estava, irta, quieta, mas chorando como uma Madalena Arrependida... Nesse momento, atingi o Pedro com um soco em cheio naquelas trombas, ao perceber que ele vinha para mais converseta do género "ah e tal, porque eu não sabia"... Desde esse momento, a nossa amizade esfriou muito. Já lhe pedi desculpa, pois a culpa foi minha. Minha e só minha. Tanto por lhe bater como por ter aceite fazer esse maldito Swing...

Bela conta que lhe apresentei, após 3 semanas... dava quase para comprar uma nova. Mas a minha Honda VTR SP-2 estava finalmente de volta à estrada. No entanto, já não era a mesma... Aquelas macacuas que uma pessoa tem. Se o Pedro não a tivesse rebentado toda naquela curva da Expo, ainda hoje a tinha... Aquela imagem dela a verter aquela mistura de água e óleo e todo o revestimento espalhado pelo asfalto, foram imagens que me tocaram fundo no coração. Eu não tratei a YZF-R1 dele daquela maneira... Puxei por ela, mas não a maltratei...

E duas relações se esfumaram num só dia: a de amizade com o Pedro e a de paixão pela minha mota... Tudo por um swing de motas... imaginem se fosse de mulheres...

1 comentário:

Anónimo disse...

Por essas e por outras é que eu não compro uma moto.