28/11/2006

LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO

Resumo da história:

- Estamos a perder, fui lançado em profundidade, o Zé fez carrinho, encolhe-se todo para não me fazer falta, não me toco mas eu mando um salto parecia o Bugs Bunny a mergulhar na toca depois de dar um beijo muito gay no Elmer Fudd.

- O Zé é expulso, o capitão deles refila, o público deles atira coisas para o campo, pessoal do nosso público invade o campo.

- Faltam 2 minutos para acabar o jogo e é penalti. Se der golo, é quase certo que somos campeões.

- Levo com uma garrafa na cabeça e estatelo-me ao comprido, outra vez, enquanto chove uma série de outras coisas.


Bom, lá me levanto a custo, ainda meio azoado de toda esta confusão. A polícia começou a criar perímetro à volta dos Ultras da equipa da casa, para evitar que atirem mais porcarias que ponham em risco a integridade física dos jogadores. Enquanto isso, o capitão dos outros, o “Zé Maria” cá do sítio, continua a ranhosar com o árbitro. “Isto não pode ser, toda a gente viu que o gajo se mandou para o chão, só tu e o teu auxiliar não viram isso! Como é possível?” O árbitro não lhe liga puto, pois ainda está a tomar nota no bloquinho do segundo cartão amarelo e consequente vermelho ao Zé. “Isto é um roubo descarado, pá!”- gritou o capitão, visivelmente irritado com toda esta confusão. Já se esqueceu de que no jogo em nossa casa ele próprio “sacou” um livre directo mesmo frontal à nossa baliza, que lhes permitiu reduzir a desvantagem para apenas um golo… Ladrão que rouba ladrão… Agora por falar nisso…

António Azevinho de seu nome, filho de pai alentejano e mãe beirã, conhecido lá terra por Tócinho, era o típico português que achava que ele era mais esperto que os outros todos, e que como tal não precisava de trabalhar. Para ele, tudo era simples: apenas tinha de esticar a mão que tinha tudo o que queria. Desde cedo pôs em prática a sua arte do “estica-mão”, começando pela fruta do vizinho e pelos rebuçados nas mercearias, passando depois a umas camisolas na feira. Tirando alguns sobressaltos, a coisa corria bem, para desespero dos pais, pessoas honestas e pobres mas que fizeram do trabalho o seu ganha pão. Tócinho simplesmente fazia do uso do dôm que Deus Nosso Senhor lhe havia dado, e seguiu à risca a lição de vida que o avô lhe ensinou: se fores bom em alguma coisa, aposta nisso e tanto tu como o povo só terão a ganhar. O problema do Tócinho é que desde pequenino que teve dificuldades de aprendizagem e de compreensão. É óbvio que não se pode esperar muito de alguém que na escola primária respondeu à professora que o 25 de Abril tinha marcado o fim da Guerra entre dois Marechais: o Marechal Spinola e o Marechal Caetano. Já não ter chamado os US Marshalls já foi uma sorte (ou um azar, pelo facto de na altura não haver televisão na sua casinha em Viseu).


Tócinho juntou três amigos e eram reis e senhores das portas do cemitério de Vilela, uma terreola nas imediações de Viseu. O princípio era simples: um no cemitério, outro à porta, um controla as movimentações cá fora, enquanto o Tócinho, com uma chave de fendas, força o vidro dos carros a partir sem barulho e saca sem grandes escolhas tudo o que está à mão de semear, seja um telemóvel esquecido ou uma carteira negligentemente deixada sobre o tablier. Há já uns tempos que assim faziam e funcionava. A polícia não lhes conseguia deitar a mão. Até um dia…

Tudo fácil. Um Opel Corsa já bem velhote parou à porta do cemitério. Uma senhora nos seus 50 saiu do carro e deixou o casaco no carro, a cobrir a mala que entretanto já havia sido vista antes, enquanto ela estacionava. “Esta é canja!”, pensaram os 4 jagunços. O método: o mesmo de sempre. Um acompanha a senhora para dentro do cemitério, outro vai à porta. O Tócinho chega-se ao carro e… zaca, vidro estilhaçado. Quando se debruça para deitar mão à mala, solta um berro enorme, consequência da dôr que lhe deu na nádega direita, enquanto debruçado sobre a janela do Corsa. É tempo de dar à sola! A tentar sair,TRAU!!! Outra nalgada, outro grito! Este acompanhado com uma bela marrada no volante. Obviamente, os gritos chamaram à atenção quer do “controlador” que estava fora do cemitério, quer de alguns dos transeuntes. O certo é que ainda houve tempo para mais uma nalgada. PIMBA!!


Não há coisa mais feia que um homem de 40 anos a chorar, mas Tócinho chorava que nem uma Madalena arrependida, enquanto fugia em direcção ao carro agarrado à nádega que foi alvo de três chumbadas bem assentes. O Sousa, o vigilante cá de fora, foi atrás do Tócinho, enquanto este se dirigia para o carro arrastando a perna direita, com a mão direita a agarrar a nádega, dando mesmo a sensação que lhe havia dado uma cólica intestinal repentina e que se não arranjasse uma casa de banho, borrava-se todo às pinguinhas alí na frente do cemitério! O percurso era curto, uma dezena de metros, mas ainda deu para o Tócinho dar mais dois saltos, com duas chumbadas desta vez no lado esquerdo do fiofó! No entanto, a mensagem que ficou gravada foi daquele que até lhe fez comichão na orelha, quando já tinha a porta do carro aberta, e que lhe disse numa linguagem muito própria: “Na nalga dói, não dói? E se fosse na carola?”


Tócinho, como foi dito atrás, tinha dificuldades de aprendizagem. Ou melhor, era burro mesmo! E foi apanhado, porque a polícia mandou parar o BMW série 3 com matricula de importado, onde ia um homem de fato escuro que coxeava da perna direita, tinha a testa muito vermelha como quem tinha andado metido nos copos e que tinha acabado de roubar uma mala de senhora com um telemóvel e uma carteira lá dentro, entre uma série de sacos de plástico, segundo os relatos de uma testemunha. Quem é o estúpido que rouba, é descoberto e não larga o saque?? Só alguém capaz de dizer que o último rei de Portugal foi o Salazar!

Tócinho passou pouco mais de um ano na cadeia. A prisão foi algo que não estranhou, pois já lá havia passado uns dias anteriormente. Mas segundo contam, todos os dias está no tasco lá da terra, calado no seu canto, sem dizer nada a ninguém. No entanto, a espaços ouve-se qualquer coisa da boca dele…

Qualquer coisa estilo…

… zzzZIMMmmmm...

Moral da história: se eu marco golo, o árbitro e o seu auxiliar vão andar muito tempo a dizer “Ziiiim!!!” Zim-zim!!! ZIIIIMmmmmmm!! Zimmmm!!! Zimmmmmmm!” Sim, porque eu apenas estacionei o carro… ;)

1 comentário:

iksykovfed disse...

Tu n podes ir para fora q vens de lá cheio de ideias. LOL