05/02/2007

CRÓNICAS SALAZARISTAS ENTRE OS GRANDES PORTUGUESES: ACTO II

Gosto muito dos debates sobre os Grandes Portugueses que tenho visto desde o início do ano. Tanto tanto que ontem nem acabei de ver aquele que se realizou no Palácio da Ajuda. Tudo me leva a crer que a coisa não andará muito longe do que se passa no Campeonato do Mundo de Futebol: Brasil e Argentina são quem melhor joga e no fim ganha sempre a Alemanha. Aqui, Álvaro Cunhal e Salazar são quem mais apoiantes tem e no fim ganha o D.Afonso Henriques.



Custa-me, no entanto, ver pessoas que parecem ser conhecedores, letradas e com cultura dizer que as diferença entre Salazar e Cunhal eram muito poucas. Pior ainda é a forma como falam dos feitos de cada um deles. Salazar fez muito por Portugal enquanto Ministro das Finanças, deu muito ao país nessa fase, o pior foi o que veio a seguir. Quanto a Cunhal, APENAS se opôs à ditadura e sempre com o intúito de instalar outra logo a seguir. Ou seja, um foi muito bom e depois foi mau, mas só mais ou menos... O outro foi mais ou menos porreiro mas sempre com o intúito de ser mau a seguir... ah, e de comer as criancinhas ao pequeno-almoço. Não nos esqueçamos disso...

Ainda não ví, em 3 debates que já se realizaram, falarem da real luta antí-Estado Novo que Álvaro Cunhal fez, mobilizando pessoas, salvando outras das garras da PIDE, organizando manifestações clandestinas, sendo preso por isso e por ser uma real ameaça ao regime de Salazar. Não foi Mário Soares, nem Jorge Sampaio, nem Spinola nem outro qualquer o real opositôr e o "bicho papão" no guarda-fatos do Shôr António. O Bicho Papão estava personificado numa pessoa de grande sobrancelhas: Álvaro Cunhal! Porque não foi eliminado? Para não ser um mártir! Para enquanto esteve preso, ser exibído como um troféu, enquanto outros que não tinham nome "desapareciam"...



Não queria fazer neste espaço uma cruzada política, mas temo que aconteça aquilo que ontem nomearam como a mais certa das realidades: Salazar prepetuará na história, Cunhal acabará esquecido. E a acontecer, isso será uma das maiores injustiças que poderão fazer a quem tudo fez para que hoje eu pudesse escrever isto que estou a escrever sem daqui a 5 minutos um PIDE a levar-me para os calabouços.

Eu não conheci pessoalmente Álvaro Cunhal. Mas conheço quem o conheceu, quem foi amigo dele, quem esteve do lado dele. E quando essa pessoa, muito importante na forma como eu hoje sou como homem e como pessoa na sociedade, me conta que aquele homem que conheci velhinho mas com uma força e uma cabeça extraordinárias nas palestras de faculdade e nos discursos da Festa do Avante foi um dia um homem que tinha o sonho de poder ver o povo português gritar LIBERDADE sem nunca imaginar voltar a tirar-lhe esse direito, eu acredito. Por tudo o que Álvaro Cunhal sofreu na sua vida, eu acredito. Porque foi o meu avô a dizê-lo, eu acredito. Por aquilo que Álvaro Cunhal foi quer como pessoa, quer como político, quer inclusivé como artista... eu acredito.

2 comentários:

Angel disse...

Porra, e eu se não acreditasse já, agora estava rendida!!

Melody disse...

Salazar era um homem pekeno em tudo! Forreta,pouco culto,medroso.
Cunhal era precisamente o oposto! Inteligente, extremamente culto e que viveu para, e por uma causa, mesmo sabendo que nunca ganharia.
É assim que um HOMEM,faz toda a diferença.