05/04/2010

A PÁSCOA, SEGUNDO UM DISTRAÍDO COMO EU

Hoje apetece-me ser do contra e contestar a Páscoa.



Sinceramente, eu não sei como definir a Páscoa, segundo a visão de um leigo espiritual como eu, que acha que tudo o que acontece no mundo acontece porque sim e não porque um qualquer Todo-Poderoso assim o deseja. Um ponto comum a toda a gente no nosso país, sejam eles católicos ou não, é o facto de que todos comem que nem umas bestas ao longo de três dias.

Poderia ser um princípio, mas considero que cai um bocadinho mal se um dia um jornalista da TV me apanhar na rua e me perguntar "O que é para sí a Páscoa?", e eu responder "É um fim de semana em que todos comemos que nem uns trogloditas!" (o termo "bestas" na TV seria ainda mais pesado e desconexo com o contexto que se vive nesta época).

Assim, procurei debruçar-me sobre alguns factos interessantes relacionados com a Páscoa. E desde logo salta à vista o símbolo pagão da Páscoa: o coelho. Tendo em conta que a Páscoa marca o fim da Quaresma, o coelho até poderia ser um bom símbolo se no domingo de Páscoa fosse tradição comer-se coelho, como sinal do início da época em que se pode devorar carnunça. Não é! Mais confuso ainda, o Coelho da Páscoa distribui ovos, o que além de deixar as galinhas severamente chateadas, é algo que não condiz muito com o espírito de sacrifício com vista à salvação dos outros que vem na Bíblia, porque no fundo o coelho dá ovos ao pessoal para salvar a sua pele!

"Tomem, tomem ovos bonitos e suculentos! Devorem galináceos e deixem os felpudinhos saltitões na paz do Senhor! Regalem-se com os embriões dos bichos das penas e deixem-me viver e procriar até mais não!"

Isto leva-me a pensar num outro facto interessante, este mais bíblico, histórico e menos folclórico: a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Todos nós sabemos como funcionavam os registos de nascimento há uns 50 anos atrás, pois não nos são estranhas histórias de conhecidos e até parentes que nasciam a um determinado dia e só eram registados um mês depois (ou mais). No entanto, a data de nascimento de Cristo é clara para todos: 25 de Dezembro de -1 A.C.. Bem sabemos que os judeus e os romanos já eram povos avançados na altura, mas não deixa de ser um pouco estranho que o José se tenha deslocado ao Registo Civil lá da zona e registado o filho de Deus sem problemas... há 2010 anos atrás.

Agora pergunto: tendo em conta esta eficiência e o rigor burocrático do nascimento do homem que revolucionou a maneira de pensar das pessoas da época, serei eu o único que ache estranho que o dia em que:
  • Morreu crucificado o Salvador dos Judeus, não-reconhecido pela sua gente, mas cujo legado ficou para todo o sempre;
  • A sua caminhada foi presenciada por quase toda a população de Jerusalém;
  • Teve direito a uma audiência, qual tribunal, com Pôncio Pilatos, governador romano, onde esteve a assistir uma mole de gente, entre Fariseus e outros populares;
  • E três dias depois o homem levanta-se do túmulo e aparece aos seus discipulos.
Como raio é que um dia destes é definido como uma sexta-feira qualquer e um domingo qualquer num qualquer calendário e não se saber, de facto, o dia do mês em que o Cristo foi tratado abaixo de cão?! E o dia em que ele se levantou dos mortos?! Sabem com exactidão quando nasceu mas fazem uma pequena ideia de quando morreu, pois foi um dia qualquer de Primavera em que Jerusalém parou?

Tudo isto custa muito a perceber...

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