11/03/2010

PORTUGUÊS, O INVENTOR-MÓR!



O Português é reconhecido em todo o mundo como o indivíduo mais inventivo que existe de entre toda a Humanidade. Não é estranho o facto de todos os anos serem os portugueses a ganharem os primeiros prémios e menções honrosas nas feiras mundiais de inventores. Mas se há criatura mais inventiva no Mundo, essa é sem dúvida o Treinador Português de futebol.

Este indivíduo pauta a sua actuação com base numa permissa extraordinária: o factor-supresa. Por norma, em jogos de capital importância, o Treinador Português tira uma carta da manga e coloca-a em jogo, por forma a (lá está) surpreender o adversário. Depois disso, entra o Síndrome do Jornalista Eufórico:
  • se resulta, o homem é um génio;
  • se falha, o homem é uma besta;
O engraçado no meio disto tudo é que estas situações não acontecem nos jogos ditos "normais". Por exemplo, é muito improvável ver o Benfica alinhar com o Sidney a trinco contra o Vitória de Setúbal ou contra o Belenenses. No entanto, no ano passado, entrou em campo assim contra o Sporting...

Obviamente que esta conversa vem no seguimento das 5 batatas que o FC Porto enfardou do Arsenal na passada 3ª feira, onde aconteceu mais um caso típico de "invenção á-la-portuga". Jesualdo Ferreira tinha um jogo decisivo, estava em vantagem mas sem o seu trinco, Fernando. As opções eram:
  • Raul Meireles - Não é tão fixo como o Fernando, pois o seu raio de acção (em virtude de uma excelente cultura táctica) é maior mas também mais desequilibrador da sua defesa, mas tem melhor capacidade de passe e sabe quando pode subir à cabeça da área para desequilibrar;
  • Freddy Guarin - O mais parecido com Fernando É muito impetuoso e nervoso, o que pode destabilizar uma zona que precisa de calma e concentração. Mas cumpre a função e pode ser importante nos lances de bola parada pela sua altura e força.
  • Tomás Costa - Boa opção contra equipas pequenas, pois sobe mais que Meireles e troca rapidamente a bola, mas tem uma visão de jogo curta não propiciando rápidas variações de flanco.
Em suma, duas opções mais estáveis (Meireles e Guarin) e uma que, apesar de mais utilizada, acarreta maiores riscos (Costa). A escolha de Jesualdo, obviamente, não podia ser outra: Nuno André Coelho, central de raiz, com menos de 90 minutos na Taça da Liga, uns minutos na Taça de Portugal, 0 (zero) minutos na Liga, 0 (zero) minutos na Liga dos Campeões.

Factos:
Resultado final: 5-0 para o Arsenal.
Culpa de Nuno André: ZERO.
Organização do meio campo portista na primeira parte: quase nula.
Organização do meio campo portista na segunda parte: perto do normal (até ao 4-0).

É certo que a entrada do Nuno André Coelho não foi benéfica para Raul Meireles e Ruben Micael, pois estes andaram completamente aos papeis, mas o que é certo é que quem efectivamente enterrou o Porto até foi o Fucile, primeiro tirando a bola ao Helton no 1-0 e depois oferecendo uma bola que ia para fora ao Arsenal no 2-0. Mas quem saiu ao intervalo foi o Nuno André Coelho, pondo o carimbo no puto para os adeptos apontarem o dedo.



Mas a maior invenção, para mim, é o facto de o Hulk, jogador castigado até Maio por dar duas pêras nas bochechas de um Steward no Estádio da Luz antes do Natal, que desde aí fez um jogo (com o Arsenal, nas Antas, há 3 semanas), que já antes do castigo se falava que o Porto rendia mais com ele no banco, joga 90 minutos de futebol paupérrimo! Isto sim, é invenção pura e dura!

Se pretendem mostrar que o jogador é uma vítima do sistema e que o castigo é injusto, só tenho a dizer que ainda bem que não sou adepto do Porto: é que hipotecar uma eliminatória europeia na qual se estava em vantagem, vergado a 5-0, por um capricho e graças a uma gerra interna do futebol português, tem de ser muito bem explicada. É que eu, se se passasse no Benfica, certamente não iría compreender...

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