13/07/2016

ESTE É PARA A ETERNIDADE: PORTUGAL CAMPEÃO DA EUROPA!!!!


Adoro os Campeonatos da Europa e os Campeonatos do Mundo de futebol. Sou daqueles que ficam diante da TV a assistir a um Jamaica - Iraque e que viu entusiasmado o Roménia - Albânia. Adoro ainda mais desde que a Selecção de Portugal começou regularmente a apurar-se e a disputar estas provas. É verdade que a Lei Bosman retirou aos eventos de selecções o ónus da definição de "pináculo do futebol", dando esse estatuto à Liga dos Campeões Europeus. No entanto, há uma coisa que não muda:
  • A Champions League cria ÍDOLOS.
  • Os Europeus e os Mundiais além de ÍDOLOS também criam LENDAS.
No entanto, este seria à partida o EURO em que iniciaria a minha missão em frente à TV com menos esperança na performance da selecção de Portugal. Não pela falta de qualidade, que sempre considerei que havia em boa dose. Não pela falta de opções, pois sabia que havia bons jogadores para a equipa principal e bons jogadores para os substituir. Onde estava o problema? Na ideia de jogo de Fernando Santos, o Seleccionador Nacional, que me causa uma comichão terrível!! Gosto de futebol bonito, não gosto de equilíbrios excessivos e de preocupações com a arrumação defensiva com prioridade exagerada sobre as preocupações de como meter a redondinha na rede! Chamem-lhe defeito profissional...

As minhas críticas à Selecção já vêm de longe. Não contesto o 4-4-2 que Fernando Santos implementou com a ideia de tirar o melhor partido de Cristiano Ronaldo. Contesto sim que tenha lançado um dos melhores do Mundo da actualidade autenticamente "às feras", não lhe dando um companheiro mais posicional, um homem de área, para levar a pancada que os defesas dão e permitir assim libertar a nossa estrela, dando-lhe espaço para ter a bola de frente para a baliza (onde ele é mais forte, explorando o espaço) e não de costas, sujeito à marcação impiedosa dos centrais. Além disso tem tendência para descer no terreno na procura da bola (porque CR7 quer a bola), trazendo consigo a linha defensiva adversária e assim tirando espaço de construção à Selecção Portuguesa quando estamos em posse. Alguma crítica especializada não está do meu lado, argumentando com o facto de em 8 jogos do apuramento termos vencido 7, os do legado de Fernando Santos. Eu, que sou um mero curioso, contra argumentava com factos: tudo vitórias por um golo de diferença, dificuldades em derrotar a Arménia por 3-2 e vitórias "caídas do céu" no final do jogo contra Dinamarca, Sérvia e Albânia. Nos 23 convocados, um único ponta-de-lança: o trapalhão Éder. Fernando Santos estava a dar comigo em doido!!!

Dia 14 de Junho, dia do primeiro jogo no França 2016, frente à surpresa Islândia, que na fase de qualificação "arrumou" a Holanda. Meio-campo com João Moutinho movido a gasóleo, André Gomes com cola nos pés, Cristiano Ronaldo fisicamente nas lonas e Nani no apoio ao capitão como peixe fora de água. O mesmo Nani ainda faz um golo, mas uma desastrosa (des)organização defensiva no ínico da segunda parte propicia aos Vikings o empate, e o desnorte apodera-se da Selecção das Quinas. Cristiano passa o resto do jogo a atirar bolas para o quintal ou contra barreira em livres confrangedores. Resultado final: empate 1-1. Um deslize normal, dizem os mais optimistas. Um prenúncio de ecatombe, prevejo eu.
 

Portugal defronta depois a Áustria... e nem de penalti marca. O empate 0-0 faz soar o alarme, pois em 54 remates marcámos um miserável golo em dois jogos. É no rescaldo desse jogo que quando Fernando Santos diz, para gáudio de todos os humorístas: "Já disse à minha família que só vou para casa dia 11 do mês que vem. Por isso, ainda vou estar aqui muuuuuito tempo..."


E eu, obviamente, disse que ele era um idiota...

E a Hungria, aparentemente, dá-me razão. Novo empate, 3-3! Tantas cautelas defensivas e a equipa desmembra-se num acumular de erros infantis. Mas seguimos em frente... E novo empate aos 90 minutos frente à Croácia, que venceu a Espanha com coragem mas amedrontou-se contra "CR7 e os seus amigos"! Só que agora, alguém tinha de ganhar e vai-se para prolongamento. Quando cheirava a penaltis, os croatas arriscam um pouco e quase marcam... no contra-ataque, GOLO do Quaresma! Um golo que eu festejei e dez segundos depois disse ao meu pai "epá, vamos ganhar este jogo sem saber ler nem escrever..."

 
Nesta altura, a imprensa internacional já diz que Portugal é a equipa mais enfadonha, com o futebol mais chato mas mais organizado de todo o EURO 2016. A imprensa francesa vai mais longe, classificando-nos de "nojentos" e "indignos de uma presença nos quartos de final". Sem uma exibição de encher o olho, sem entusiasmar e também sem um adversário top pela frente para se poder dizer que haviam sido realmente postos à prova, a Selecção estava entre as oito melhores da Europa. Entre os portugueses já se usa uma expressão que ficou para a história: "De empate em empate até à vitória final!"

Quartos de Final: Polónia! Golo de Lewandowski aos 90 segundos. O puto-maravilha Renato Sanches empata aos 33. Mais um empate nos 90 minutos, o quinto em cinco jogos, que nem o prolongamento desfaz. Penaltis. E o primeiro momento EURO: Cristiano Ronaldo mostra ao Mundo o que é ser um capitão!

Cinco penaltis, cinco golos e uma defesa para a eternidade de Rui Patrício, o Guarda-Redes do EURO 2016. 


E estávamos nas meias-finais. Nesta altura, até o adepto menos crente e menos entusiasmado, como era o meu caso, percebe que tudo pode acontecer. Estamos a dois jogos do fim, principalmente quando numa meia-final da prova temos pela frente o estreante País de Gales. OK, venceu o grupo da Inglaterra... OK, "espetou" 3-1 na Bélgica recheada de estrelas milionárias do futebol mundial... mas caramba, é o País de Gales, que tem Gareth Bale, Aaron Ramsey e uma série de jogadores da 2ª divisão inglesa!!!

A Selecção cumpriu, com uma vitória incontestável por 2-0, a primeira em 90 minutos. Cristiano Ronaldo e Nani, os marcadores de serviço, colocam-se em posição para tentar roubar a Bota de Prata ao francês Antoine Griezmann, que tinha na altura quatro golos. Mas na outra meia-final, Griezmann aproveita o descontrolo defensivo da Super-Alemanha para marcar dois golos, fugir aos perseguidores e carimbar a presença da França na final do seu EURO 2016.


Acaba o França 2 - Alemanha 0, e a minha mulher pergunta: "então e agora, vamos levar um guardanapo dos franceses, é isso?" Olho para ela, faço uma pausa, e com uma timidez muito pouco normal neste tipo de ocasiões, respondo: "Epá... queres saber uma coisa?... Epá... Eu acho... Eu acho que a gente ainda vai «limpar» isto..." 

A razão para esta "fezada" não estava vazia de argumentação. A França derrotou a Super-Alemanha num jogo em que foi completamente acossada durante 90 minutos, beneficiando da paragem cerebral de dois jogadores alemães. Primeiro, antes do intervalo, Schweinsteiger faz um penalti infantil. No início da segunda parte, Kimich perde uma bola na sua área. Griezmann não perdoou ambas as "brincadeiras", mas ficou a clara ideia que como equipa a Alemanha era 10 para 1 de uma França que viveu ao longo do EURO de rasgos individuais. Se achava que contra a Alemanha as hipóteses de Portugal seriam quase nulas, pelo facto de a postura medrosa nos poder empurrar para cima da nossa baliza, eu via a França como uma selecção com muitas lacunas na sua organização.


Sexta e sábado evitei as redes sociais e expressar muito o que me ia cá dentro, porque apesar não ser supersticioso (porque ser supersticioso dá azar), não queria que algo agoirasse o feeling que tinha. Domingo, dia 10 de Julho, dia da final, passei o dia a mentalizar-me que íamos perder, que se noutras ocasiões com equipas quase míticas não ganhámos, não seria agora que íamos conseguir, carregados de preocupações defensivas e sem perfume lusitano no nosso jogo.

Já muitos definiram o enredo do passado dia 10 de Julho como um mau argumento de um filme de série B que poucos se dignariam a pagar bilhete de cinema para ver. Imaginem esta história:

"Era uma vez um grupo de fazendeiros comandados por um cavaleiro gigante que foi lutar contra os Ogres da Montanha. Onde? Na Montanha! E logo mal os vêem chegar ao campo de batalha, os ogres matam o cavaleiro gigante. No entanto, os fazendeiros vão fazendo tudo por tudo para não serem atirados pela ravina abaixo, até que o fazendeiro côxo desfere um golpe com a sua espada e mata os ogres todos! FIM!"


Não foi tanto assim, mas anda lá perto. CR7 lesiona-se aos 8 minutos, tenta continuar, mas sai de maca aos 23 minutos. Portugal perde o seu capitão, a sua estrela e maior referência, e é aí que começa um curioso (mas apesar de tudo chato) jogo de xadrez que Fernando Santos acabou por jogar com mestria. Tive a oportunidade de rever o jogo sem a emoção do imediatismo, sabendo obviamente como acaba, e é interessante perceber que o futebol deu lugar a um jogo psicológico e a toda uma preparação para colocar as peças ao longo do tempo nos sítios certos para no fim desferir o golpe final.

O momento chave dá-se aos 78 minutos. Éder, o mal amado, entra para o lugar de Renato Sanches e fixa-se na frente de ataque. E a França perde a bola definitivamente: faz só um remate com perigo para a baliza (bola no poste, é certo) entre os ditos 78 e os 120 minutos.

E aos 109 minutos, nasce a lenda deste EURO 2016. Éder, o fazendeiro côxo, mata os ogres azúis. Os ogres azúis que nos fizeram tanto mal no passado.



Fernando Santos fez-me morder a lingua, já bem carregada de pimenta por o ter chamado de idiota no dia 19 de Junho. Continuo a não gostar da sua forma de pensar o futebol, mas fiquei fascinado com as suas capacidades no xadrez, pois foi esse xadrez que me deu a chance de assistir em directo à página mais bonita do futebol português. É óbvio que gostava de ter ganho com uma equipa que me fizesse sonhar do primeiro ao último minuto e me levantasse o rabo da cadeira a cada jogada deslumbrante... mas que se lixe isso tudo agora! Apreciações ao jogo ficam para depois!!!
 

SOMOS CAMPEÕES DA EUROPA!!! ESTA NINGUÉM NOS TIRA!!! ESTA NINGUÉM ESQUECE!!! NUNCA MAIS!!!!

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